Rapaz de Alagoinha que conciliou roça com estudos e passou em medicina vai estudar na UFPE de Caruaru
O morador da zona rural de Alagoinha, no Agreste pernambucano, Jéferson César, que ficou conhecido no estado por conquistar aprovação no curso de medicina depois de adiar os sonhos por conta da seca e conciliar a preparação com o trabalho braçal na roça da família, continua somando conquistas. O rapaz, aos 20 anos, é o mais novo aluno selecionado para o curso de medicina na Universidade Federal de Pernambuco, campus de Caruaru, e deve ficar no estado para dar início à nova etapa de estudos. Ele tinha sido aprovado na Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba, e aguardava o resultado da lista de espera em Caruaru. “O coração está ansioso para o início das aulas”, diz o rapaz sobre a carreira que começa a construir a partir do dia 7 de março de 2016.
Oriundo de uma escola pública estadual de Alagoinha, onde concluiu os estudos em 2012, o jovem fazia física e se preparava para os exames do Enem e a seleção via Sisu, enquanto ajudava a família com os animais e as plantações. Somente em 2015 voltou a tentar uma vaga porque as finanças da família, muito afetadas pelas fortes secas dos últimos anos, voltaram a se estabilizar. Aproveitava o silêncio da roça para ouvir aulas gravadas no celular e auxiliar nos estudos.
Agora é Oficial, Medicina na UFPE, Caruaru...
Publicado por Jeferson César em Sexta, 19 de fevereiro de 2016
“Desde os cinco anos, lido com palma, capim, feijão e milho e tiro leite de vaca. Mas a seca foi a pior que já vi no Nordeste, não tinha como meus pais me ajudarem em outra cidade. Nem tentei. Fiz Física, porque era em Pesqueira, aqui perto, e passei. Agora, com as coisas melhorando, tentei, mas achando que seria minha primeira tentativa, porque muita gente que quer ser médico tenta muitas vezes, né?”, disse o estudante, em conversa com o Diario. O sonho vinha sendo cultivado desde os 10 anos porque ele gostaria de ajudar a cuidar dos pais e promover acesso à saúde, ponto do qual sua família sempre foi praticamente privada.
Desde que virou notícia nacional, Jéferson vem lidando com repórteres de todo o país e colhe os frutos de seu esforço em formato de admiração de seus 15 mil conterrâneos. Foi até tema de um poema em cordel, que divulgou por meio das redes sociais há pouco, de autoria de Rodrigo Inojosa: