Mulher paga faculdade com dinheiro arrecadado de reciclagem

Alian Eventos/Facebook

Luciene Gonçalves, de 35 anos, se formou em Serviço Social e, no baile de formatura, desceu as escadarias dançando com latinhas na mão. O motivo não foi qualquer um: para pagar os quatro anos do curso, ela usou o dinheiro que conseguia da venda do material reciclável. Ela se formou em uma faculdade particular no Sertão da Paraíba, onde mora.

Mãe aos 20 anos, Luciene concluiu o ensino fundamental e deixou os planos de estudar de lado para poder ajudar a sustentar sua família. A profissão de sucateira foi herdada do avô do marido de Luciene. “O avô do meu marido tinha um deposito de reciclagem. Com um tempo a gente percebeu que ele já estava ficando cansado por causa da idade e decidimos começar a entrar no negócio”, explicou Luciene ao portal de notícias do G1.

Luciene, então, voltou a estudar depois de quase 10 anos longe dos livros e pôde realizar seu sonho de graduação. Inspirado por ela, o marido de Luciene, Pedro, começou a estudar também, mas escolheu o curso de administração. Durante a graduação dos dois, não foi tão fácil conciliar trabalho, família e estudos, mas a situação realmente apertou quando o pai de Luciene começou a enfrentar problemas renais e teve que passar por sessões de hemodiálise.

“Eu tive que organizar o tempo para levar meu pai para as sessões, todas as semanas, na terça-feira, quinta-feira e sábado. Mas eu nunca desanimei. Às vezes chegava na sala de aula chorando, mas também encontrei amigas que foram como irmãs, que me apoiaram. Essa foi a época mais difícil, pois ocorreu quando eu já estava fazendo meu trabalho de conclusão de curso”, disse Luciene.

Porém, quando chegou o momento da graduação, apenas Luciene teve direito a festa de formatura. Por causa do alto custo do baile, Pedro abriu mão da sua festa para que Luciene pudesse comemorar sua conquista junto às amigas. Agora ela tem o diploma de assistente social, mas Luciene não quer deixar de trabalhar com sucata. “Por mim, eu trabalhava de dia com sucata e de noite como assistente social. Eu quero crescer na vida, mas nunca esquecer minhas origens. E se um dia for necessário eu sou capaz de largar tudo pra ir catar latinha na rua. Não tenho vergonha, pois foi com o dinheiro da reciclagem que eu sustentei minha família”, contou.

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