Homem sonha em cores pela 1ª vez após radioterapia para câncer no olho
Um homem australiano de 59 anos de idade afirmou ter sonhado em cores pela primeira vez, após passar a vida inteira tendo sonhos em preto e branco, quando passava por um tratamento de radioterapia para curar um tumor no olho. As informações são da revista New Scientist.
Ele afirma que durante as quatro semanas em que recebeu radiação nas partes posterior e lateral de sua cabeça, seus sonhos eram vividamente coloridos, envolvendo carros, ex-namoradas e peixes que ele havia fisgado em suas pescarias. Mas cerca de quatro dias depois do tratamento, eles voltaram às tonalidades cinzentas de sempre.
Não se sabe ao certo a razão para seus sonhos tenham sido em preto e branco até então, mas uma hipótese pode ser o fato de serem essas as cores das transmissões televisivas durante a sua infância. Um estudo realizado na Universidade de Dundee sugeriu que espectadores de Tvs em preto e branco eram mais propensos a também terem sonhos nessas cores.
Já a razão para este homem apresentar essa mudança pode ser o fato de que a radiação altera os padrões de atividade cerebral, de acordo com Michael McKay, de quem o homem foi paciente no North Coast Cancer Institute, em Nova Gales do Sul. Um exemplo que reforçaria essa hipótese são os resultados dos eletroencefalogramas realizados em pessoas expostas à radiação no desastre de Chernobyl. Seus cérebros apresentaram atividade elétrica incomum e mais de um terço delas relatou ter sonhos estranhos.
Apesar disso, tratamentos por radiação e sonhos incomuns nunca haviam sido associados anteriormente. Para McKay, isso pode se dever ao fato de que grande parte das pessoas que recebe radioterapia na cabeça é paciente de tumores cerebrais graves (ao contrário de seu paciente, nesse caso, cujo caso era bem mais simples), o que tornaria essa particularidade menos propensa a ser notada.
O paciente não passou por nenhum eletroencefalograma em seu tratamento, o que poderia sustentar a hipótese. Mas Simon Cropper, da Universidade de Melbourne, afirma que essa é mesmo uma forte possibilidade, pois caso suas funções cerebrais tenham mesmo sofrido alterações, um dos componentes de percepção mais facilmente modificáveis são as cores. Um exemplo disso é esse ser um efeito do uso de drogas alucinógenas, como o LSD – e que comprovadamente possuem efeito direto na atividade cerebral.
Porém, Robert Stickgold, da Universidade de Harvard, afirma que a explicação pode ser mais simples: o homem teria sofrido modificações apenas em seu padrão de sono, sendo mais propenso a acordar em outros estágios do sono e a se lembrar de sonhos dos quais, normalmente não se recordava. De qualquer forma, McKay tem estimulado seus pacientes de radioterapia a informarem efeitos semelhantes durante seus tratamentos para posteriores pesquisas.