Brasil é destaque em ranking da preguiça, revela estudo

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A Universidade de Stanford analisou o equivalente a 68 milhões de minutos de dados para determinar que a média de passos por dia de uma pessoa no mundo é de 4.961. Em primeiro lugar, Hong Kong imprime cerca de 6,8 mil passos por dia por habitante, enquanto a população da Indonésia ficou em último lugar com 3,5 mil. A média brasileira foi de apenas 4,2 mil passos, 15% abaixo da média mundial. A pesquisa foi conduzida a partir do aplicativo Argus, presente em mais de 700 mil celulares, uma vez que a maioria dos smartphones tem algum aplicativo que mede os passos diários dos usuários. De acordo com o estudo, os resultados mostram como as pessoas podem melhorar os hábitos de saúde, uma vez que é possível estabelecer uma relação sensível entre “preguiça” e “obesidade”.

Um dos fatos mais importantes mostrados na pesquisa está a “desigualdade de atividade”, ou seja, a diferença entre a pessoa mais preguiçosa e a mais ativa. Quanto mais alta era a desigualdade, maiores eram os níveis de obesidade no país. “A Suíça tinha uma das menores diferenças entre pessoas mais preguiçosas e ativas, então tinha um nível bem menor de obesidade”, explicou o pesquisador Tim Althoff ao portal de notícia britânico BBC. Os Estados Unidos e o México tinham um número de passos semelhante, cerca de 4,7 mil, mas o nível de obesidade nos EUA é muito maior por causa da desigualdade de atividades.

O estudo também mostrou que as diferenças de desigualdade pesavam bastante quando se tratava de gênero. Nos países com maior desigualdade, como EUA e Arábia Saudita, as mulheres se mostraram menos ativas. “Quando a desigualdade de atividade é maior, as mulheres diminuem atividade muito mais drasticamente, por isso obesidade afeta mais mulheres”, explicou Jure Leskovec, outro pesquisador.

A equipe de pesquisa acredita que esse estudo ajudará a entender os padrões globais de obesidade para tentar combatê-lo. A pesquisa mostrou 69 cidades dos Estados Unidos a partir de quão adequadas para pedestres elas eram. Nova York e São Francisco foram observadas como altamente amigáveis, enquanto Houston e Memphis ficaram no final da lista. A facilidade de andar na rua tem um impacto direto com o nível de atividade das pessoas.

No Brasil, enquanto a média de passos é de cerca de 4,2 mil, apenas 70% das pessoas são suficientemente ativas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Também há uma diferença de cerca de mil passos entre homens e mulheres no país, mas de acordo com o professor de Educação Física da UFPE Eduardo Zataterra Campos, muitas variáveis podem ser responsáveis por essa diferença. “Normalmente, o homem é mais ativo que a mulher, mas não tem como saber exatamente o que causa essa diferença. Ainda vivemos em uma sociedade na qual muitas mulheres não trabalham e o estudo não leva isso em consideração. E mil passos também não é uma diferença assim tão grande”, explicou.

De acordo com o professor, a pontuação baixa do Brasil provavelmente se dá por causa da tendência ao uso de carros, em vez do transporte público ou da bicicleta. “No Recife, por exemplo, as coisas ficam muito distantes. Ninguém quer pegar transporte público porque termina precisando andar um pouco até a parada ou ao destino”. Além disso, deve ser levado em consideração que a quantidade de passos não está diretamente relacionado a se a pessoa é ou não sedentária. Se o usuário anda cinco mil passos até o trabalho e então passa oito horas sentado no escritório, ele ainda é uma pessoa sedentária. “Algumas atividades são mais intensas e a pessoa pode dar menos passos, mas ainda ser muito ativa. Não considero o número de passos como ligada diretamente ao esforço que a pessoa faz em uma atividade física”, complementou.

Para o professor, não é porque há uma quantidade de passos estabelecida que a pessoa vai deixar de ser ativa se não cumprir. Porém, as taxas de obesidade no Brasil continuam crescendo. “Os Estados Unidos já é considerado um país de obesos e um novo estudo mostrou que o Brasil vem logo em seguida na lista. Isso é muito preocupante”. Os dados anunciados pelo Ministério da Saúde mostraram que nos últimos 10 anos, a prevalência da obesidade no Brasil aumentou em 60%, passando de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016. O excesso de peso também aumentou de 42,6% para 53,8%.

 

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