Vacina contra o zika funciona em macacos e camundongos
Uma vacina contra o vírus zika, desenvolvida nos Estados Unidos, obteve resultados positivos em testes com camundongos e macacos. Criada tendo o vírus inativo como base, a fórmula teve reação rápida e de longa duração. Outra vantagem em relação a outras substâncias em desenvolvimento é que ela funciona com dose única e em baixa quantidade, reduzindo os custos e simplificando a imunização. Detalhes do trabalho foram divulgados na revista britânica Nature.
A vacina é resultante de uma pesquisa sobre a aplicação do RNA mensageiro — responsável pela transferência de informações do DNA — na área terapêutica, uma investigação que dura mais de 15 anos. “A plataforma de vacinação é uma manifestação desse trabalho”, contou ao Correio Braziliense, Drew Weissman, pesquisador da Divisão de Doenças Infecciosas da Universidade da Pensilvânia e autor do estudo.
Para a criação da vacina, foi utilizado o RNA de uma linhagem asiática do zika, apontada como predecessora dos casos que se espalharam recentemente na América do Sul. “Provavelmente, não é importante a origem da linhagem utilizada na pesquisa, uma vez que já determinamos que o zika tem um único serótipo (tipo de vírus). Confirmamos isso também mostrando que o primeiro zika identificado na África foi neutralizado em nossos animais imunizados”, detalha o pesquisador.
A fórmula provocou a produção de anticorpos neutralizantes em apenas duas semanas em ambas as espécies testadas. Os animais resistiram quando foram expostos ao vírus. A proteção durou cinco meses em ratos e cinco semanas em macacos. “Temos estudado alguns patógenos que obtiveram resultados igualmente impressionantes. Por isso, não foi uma surpresa ver que essa vacina funcionou tão bem. Acreditamos que o resultado positivo é importante, pois oferece uma imunização mais simples, menos cara, fácil de produzir e muito segura”, diz Weissman.
O pesquisador explica ainda que a entrega da vacina no organismo é feita por meio de substâncias chamadas nanopartículas lipídicas, que são fáceis de ser aplicadas no corpo e têm menos chances de rejeição. Outra vantagem é que o RNA mensageiro utilizado não é replicante, ou seja, não há o risco de o material do vírus se integrar ao genoma da pessoa vacinada, gerando complicações. Os autores do estudo darão continuidade à investigação e pretendem realizar testes em humanos na próxima etapa. “Estamos avançando para a realização da fase 1 em um ensaio clínico daqui a 12 ou 18 meses”, adianta o autor.