Terremotos acontecem diariamente no Brasil, mas não são sentidos

Wikimedia/Reprodução

No Brasil, tremores de terra são registrados todos os dias, mas a maioria não chega a ser sentida pela população. Em épocas específicas, é possível que sejam registrados centenas deles em questão de dias, como é o caso de locais como Caruaru e São Caetano, em Pernambuco, que receberam mais de mil abalos sísmicos em um período de apenas 15 dias em 2016. O Nordeste é uma das áreas mais afetadas pelo fenômeno no Brasil, uma vez que se encontra acima da chamada “falha de Samambaia”. Porém, a magnitude desses fenômenos é pequena, uma vez que a localização do país não é favorável a terremotos por estar no centro da placa tectônica sul-americana.

A Terra está em constante movimento e as rochas abaixo dela estão sempre sendo pressionadas e, por isso, alguns períodos de atividade sísmica podem ser mais intensos do que outros. São as falhas nas placas e contato entre as bordas que fazem com que os tremores ocorram. O movimento das placas é feito mexendo-se paralelamente ou uma por cima da outra. Esse movimento ocorre em uma escala de milímetros, mas pode causar desastres enormes, como é possível notar entre os 10 maiores terremotos já registrados.

O Laboratório Sísmico (LabSis), da UFRN, é responsável por registrar e analisar os abalos da região, mas não há como prevenir ou prever precisamente esses fenômenos. “Analisar a estrutura da Terra, das camadas e falhas torna mais fácil o processo de localização de um tremor depois que ele ocorre. Assim, podemos avisar a população sobre a possibilidade da área ser atingida, mas não há como prever a intensidade, dia ou local exato. É impossível. Ninguém tem essa tecnologia”, explica o técnico do Laboratório Sísmico André Tavares da Silva. Normalmente, os terremotos que atingem o Brasil são de número 2 na escala Richter. A partir do número 2, já é possível sentir um pouco do abalo, mas não é forte nem muito chamativo, por isso os movimentos normalmente passam despercebidos no país. É mais fácil notar a presença de um terremoto a partir da escala 4.

Nos dias 28 de Agosto e 20 de Setembro, o LabSis registrou dois terremotos um pouco mais fortes que o normal em Pernambuco, mas apenas o segundo foi sentido pela população. Com 2.4 de magnitude, um terremoto atingiu o município de São Caetano durante a madrugada e não passou despercebido. O laboratório recebeu a ligação de um hotel da região, relatando o tremor sentido pelos hospedes e funcionários. O abalo do dia 28 de agosto foi de apenas 1.8 na escala Richter.

Ainda segundo o técnico, a área onde mais se registra movimento da placa sul-americana no Brasil é o Nordeste, principalmente no Ceará e Rio Grande do Norte. Apesar de não ter como afirmar que é impossível que um terremoto de grande proporções aconteça no Brasil, ele garante que a probabilidade é muito baixa. “Não é impossível, mas o que a gente registra demonstra que é pouco provável. Também não há como relacionar um terremoto a outro, independente da distância. Porém, há a possibilidade de tremores causarem novas falhas nas placas ou mesmo aumentar as que já existem”.

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