Estudo freia Huntington e pode mudar como se tratam doenças degenerativas

CCB Ilustração

Um grupo de pesquisadores da Universidade College London desenvolveu uma droga experimental que, segundo eles, quando injetada no fluido espinhal, pode baixar o nível de proteínas tóxicas no cérebro, a ponto de parar a Doença de Huntington, uma das mais graves condições degenerativas. A descoberta dos cientistas pode ajudar a retardar e corrigir doenças degenerativas genéticas como um todo, e, de acordo com especialistas, é possível que esse seja o maior avanço no tratamento de doenças desse tipo nos últimos 50 anos. Em entrevista à BBC, um dos voluntários no experimento, Peter Allen, de 51 anos, conta como é lidar com a Huntington. “Você pode ficar em um estado praticamente vegetativo, é um fim horrível”, explica ele, que teve sua mãe, seu tio e sua avó vítimas da mesma doença, e agora tem dois irmãos que correm um grave risco de desenvolvê-la.

A Síndrome de Huntington surge a partir de um erro em uma seção de DNA e ocasiona a morte de células cerebrais, fazendo com que os pacientes apresentem dificuldades de movimentação, mudanças no comportamento, perda de memória e incapacidade de pensar com clareza. A falha genética inibe a produção da proteína huntingtina, essencial para o desenvolvimento do cérebro, e acaba por impedir o funcionamento normal do mesmo. A idade média das pessoas que desenvolvem a doença é de 30 a 40 anos e, normalmente, pode ser fatal em 10 ou 20 anos após o início dos sintomas. Para tratar a degeneração, é preciso silenciar o gene defeituoso, e é nisso que os cientistas estão trabalhando.

A partir das análises e de testes em 46 pacientes, através de procedimento feito pelo Centro Neurológico Experimental Leonard Wolfson, em Londres, os estudiosos concluíram que a droga é segura devido à boa recepção que os participantes tiveram a ela. Inicialmente, houve receio por parte dos médicos devido ao risco de a substância provocar menegite, mas, logo depois, verificou-se a segurança da droga, que torna possível a redução significativa dos níveis de huntingtina na região cerebral. “Eu tenho visto pacientes por cerca de 20 anos e vi muitos deles morrerem ao longo desse tempo”. Pela primeira vez, nós temos o potencial, esperamos, de uma terapia que um dia pode retardar ou prevenir a doença de Huntington. É de importância fundamental para pacientes e suas famílias”, disse Sarah Tabrizi, uma das líderes da pesquisa. A equipe ainda não está chamando a descoberta de “cura”, pois ainda precisam submetê-la a outros experimentos, mas a expectativa é boa.

Esperançoso com o resultado dos testes, Peter comenta: “Eu sou a pessoa mais sortuda do mundo por estar aqui na iminência de ter algo assim. Com sorte, isso estará disponível para todos, para os meus irmãos e principalmente para as crianças”, afirmou ele levando em consideração as oito crianças, provenientes dele e de seus outros dois irmãos, que carregam 50% de chance de desenvolverem a doença. Ele e os demais pacientes que participaram dos testes inciais têm permissão para continuarem fazendo uso da droga. A partir daí, novas observações serão feitas para que os médicos descubram se a doença pode ser retardada e até mesmo prevenida. Vale ressaltar que o remédio não está sendo feito para atuar somente contra a Huntington, mas outros tipos de doenças degenerativas como o Parkinson e o Alzheimer. Os detalhes mais específicos sobre os experimentos serão publicados e apresentados em 2018 pelos cientistas.

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