Escola gera revolta ao pedir que alunos do 4º ano se fantasiem de “favelados”
Temas controversos, para não dizer absurdos, em celebrações de instituições de ensino parecem se propagar no Brasil. Depois da festa do “se nada der certo”, ocorrida em uma escola gaúcha, outro colégio enviou a pais de alunos do 4º ano (antiga 3ª série) um aviso com uma festa temática que gerou revolta. “Senhores pais… O figurino para a nossa apresentação na Festa da Integração será: FAVELADO DO RIO DE JANEIRO. Atenciosamente, profs dos 4° anos.”, dizia o recado enviado pelo colégio particular Fayal, localizado em Itajaí, no estado de Santa Catarina.
De acordo com o Diário Catarinense, o caso ganhou repercussão após os pais de um dos alunos do 4º ano, criticarem, em redes sociais, a atitude do Colégio Fayal. De acordo com Willian Domingues, pai do estudantes, as crianças deveriam se vestir com bermuda, chinelo, óculos e boné, traje que, de acordo com o colégio, seria adequado ao tema “favelados do Rio de Janeiro”. “Nasci em uma favela, cresci na periferia de São Paulo e ainda assim não sei que traje é esse de favelado. Sempre ensinamos os nossos filhos a não terem nenhum tipo de preconceito e não julgar as pessoas pelo que vestem ou têm, mas sim pelo caráter”, apontou Domingues.
A mãe do aluno, Elaine Mafra, também jornalista, disse, em postagem no Facebook, que metade dos estudantes deveriam se vestir de favelado e o restante de profissões, como médico e advogado, para representar duas partes da cidade. Veja a postagem de Elaine:
Em nota, a escola se pronunciou. Afirmou que “jamais teria a intenção de criar estereótipos”, destacando que o bilhete enviado aos pais foi um “sério equívoco”. Confira a nota na íntegra:
“Viemos através desta transcrever nossos mais sinceros pedidos de desculpas, pois ainda que possamos ter explicações, reconhecemos a inadequação de uma frase descontextualizada. Ouvimos cada um de vocês, e explicamos o contexto da ação . Jamais teríamos a intenção de criar estereótipos. Nosso espírito educacional é sempre na intenção de realizar ações que possam somar com a comunidade . É de prática cotidiana o acolhimento e humanização a nossos alunos , famílias e funcionários. Houve um sério equívoco no bilhete enviado às famílias e que separado do contexto a que pertencia tornou-se inaceitável. Esclarecemos que a atividade proposta foi na verdade baseada na canção”Alagados” do conjunto ‘Paralamas do Sucesso’, onde é citado a Favela da Maré, uma das maiores do Rio de Janeiro, onde vivem hoje 130 mil pessoas ,em comunidades que se estendem entre a avenida Brasil e a Linha vermelha – duas das mais importantes vias de acesso à cidade. Não viemos criar muros e sim trabalhar e expor estes movimentos de cidadania e inclusão.Não aceitamos racismo, xenofobia, homofobia ou qualquer intolerância de classes. Nossos 55 anos de história atestam esta postura. Convidamos a todos para acompanharem o nosso trabalho que sempre privilegiou os valores e reafirmar que repudiamos toda e qualquer forma de exclusão. Contamos com a compreensão nesse momento e as providências internas já foram tomadas.Por isso estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um compromisso público de sermos cada vez mais intolerantes e intransigentes nesse sentido. Enfrentaremos esse momento com humildade e o superaremos , fica o aprendizado.”