Cratera de Chicxulub esconde respostas sobre origem da vida

Wikipedia / Reprodução

A imensa cratera de Chicxulub, apontada por cientistas como resultado do impacto do asteroide que exterminou os dinossauros, tem revelado pistas sobre a origem da vida no planeta Terra. Pesquisadores deram início ao processo de perfuração, nos 200 km de diâmetro da cratera, soterrada debaixo da Península do Iucatã, no México. Estudos apontam que as rochas contêm indícios de que abrigaram um grande “sistema hidrotermal”, onde fluidos de alta temperatura corriam através de rachaduras. Sistemas similares a esses, oriundos de outros grandes impactos anteriores, podem ter ajudado a dar início às primeiras formas de vida no planeta.

David Kring, do Instituto Planetário e Lunar de Houston, no Texas, é um dos pesquisadores que descobriu a localização da cratera. Ele explica que o sistema hidrotermal de Chicxulub pode ter permanecido ativo por 2 milhões de anos ou mais. “O impacto gerou um sistema hidrotermal subterrâneo muito grande. Estamos usando a cratera como um ponto de partida para analisar outros eventos de grande impacto no início da história da Terra, uma vez que esses tipos de sistemas podem ter sido cruciais para a química prebiótica e os habitats durante a evolução da vida no nosso planeta”, explicou Kring, de acordo com o site da BBC.

Material presente na cratera de Chicxulub foi obtido através de perfurações realizadas entre maio e junho de 2016. Por meio deles, cientistas examinam rochas criadas há 66 milhões de anos, após o grande impacto do asteroide de 15 quilômetros de diâmetro.

Outro ponto que pode ser estudado por meio do material obtido na cratera é a direção do campo magnético da Terra. Ela muda a cada 100 mil anos. Quando ocorreu a extinção dos dinossauros, a polaridade era contraria à de hoje. Durante a Conferência de Ciência Lunar e Planetária, porém, a professora Sonia Tikoo, que estuda paleomagnetismo, destacou que os cientistas ficaram surpresos ao descobrir uma polaridade normal, ou seja, na mesma direção da que temos hoje em dia no planeta, em algumas amostras de rochas pegas na cratera de Chicxulub . “Passados 300 mil anos, o campo magnético da Terra se reverte e assume uma polaridade ‘normal’, ou seja, na direção contrária à que tinha quando ocorreu o impacto. Essas rochas devem ter adquirido a magnetização durante um desses períodos de polaridade normal que aconteceram após o choque. Isso nos permite estimar por quanto tempo esses fluidos quentes atravessaram a cratera”, explica Tikoo.

O impacto exterminou 75% das espécies da Terra, incluindo os dinossauros. Mas cientistas não sabem a razão pela qual as condições ambientais mataram os dinossauros, enquanto que outros animais, como espécies de aves e mamíferos sobreviveram. “Não sabemos por que alguns animais, como tartarugas, sobreviveram. Mas ao analisar essa cratera poderemos ter noção de alguns limites para parâmetros importantes, como energia e, assim, obter essas respostas”, comenta Kring.

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