Violinista com paralisia usa invento brasileiro e volta a tocar após 30 anos
Compositor clássico e apaixonado por música, o brasileiro Eduardo Miranda resolveu unir o hobby da vida dele com a ciência para ajudar pessoas com mobilidade reduzida a tocar instrumentos. Graças a uma tecnologia desenvolvida pelo pesquisador junto ao Hospital Real para Deficiências Neurológicas de Londres, a violinista Rosemary Johnson, que tinha perdido todos os movimentos do corpo depois de um acidente, conseguiu voltar a tocar violino e se apresentar junto a uma orquestra utilizando ondas cerebrais conectadas à forma “virtual” do instrumento. Tudo foi registrado em um mini documentário publicado pela Volvo.
Nascido em Porto Alegre e hoje professor da Universidade de Plymouth, na Inglaterra, Miranda se dedica ao estudo desde 2003. “No início, minha intenção era desenvolver uma espécie de estetoscópio cerebral para escutar e gravar os sinais elétricos do cérebro”, afirmou em entrevista ao jornal BBC Brasil. Ele conheceu Rosemary por causa da médica australiana Wendy Magee, que trabalha com terapia musical para pessoas severamente paralisadas. “Na primeira vez que fizemos um teste com Rosemary fomos às lágrimas. Podíamos sentir a alegria vindo dela”, afirmou.
A mulher ficou paralisada na década de 1980, quando sofreu um acidente de carro a caminho de uma apresentação com a Ópera Nacional de Gales. Ela tinha 22 anos e nunca mais tocou. Para Eduardo, o envolvimento da mulher com a música foi essencial para a comunicação entre pesquisador e paciente. “É muito interessante trabalhar com ela. Uma vez que ela é uma musicista clássica, não preciso perguntá-la muitas coisas. Por meio da tecnologia, estamos quase instantaneamente trabalhando no domínio da comunicação musical”, disse. Agora, ele aguarda financiamento e colaboradores para conseguir tocar o projeto. “Estou em contato com algumas instituições brasileiras para ver se podemos mostrar o trabalho no país ano que vem”, afirmou. Apesar disso, a tecnologia precisa passar por uma série de aperfeiçoamentos para ser utilizada em larga escala.