Nobel de Economia defende a entrada de crianças em programas de ensino desde o primeiro ano de vida
Crianças devem ir à escola desde o primeiro ano de vida. A recomendação é de ninguém menos que o Nobel em Economia James Hackman, conclusão de seu mais recente estudo, que avaliou crianças de escolas que acompanhava desde a década de 1970. Segundo o estudo, crianças entre zero a cinco anos que participam de programas pré-escolares de qualidade têm maior probabilidade de concluir o ensino médio, menores chances de serem encarcerados, além de um QI maior e melhor saúde em comparação às que ficam em casa ou entram em programas de má-qualidade. Os programas educacionais em questão, nos Estados Unidos, custam cerca de US$ 18,5 mil (cerca de R$ 61,9 mil) ao ano por cada aluno matriculado. No entanto, cada dólar investido gera um benefício social 6,3 vezes maior (aproximadamente R$ 21 seriam movimentados na economia).
Anteriormente, Heckman já havia lançado outra pesquisa, avaliando que a pré-escola de qualidade para crianças de baixa renda de 3 e 4 anos faz com que elas tenham uma vida mais produtiva no futuro. “Como um economista, eu sempre acho muito estranho que as pessoas foquem somente nos custos de um programa em detrimento de seus benefícios”, afirmou ao jornal norte-americano The New York Times. A pesquisa foi baseada em dois currículos escolares do estado da Carolina do Norte, iniciados na década de 1970, avaliando a vida de 200 alunos do abecedário aos 35 anos.
Em ambos, havia crianças negras de baixa renda matriculadas às oito semanas de idade, que frequentavam a instituição pelo menos cinco dias da semana, ao longo de pelo menos 50 semanas por ano durante os cinco primeiros anos de vida. Nesses casos específicos, que em geral envolviam mães solteiras, o programa educacional permitia maiores avanços profissionais e aumento na renda familiar por parte dos guardiões da criança. Também foram observadas questões como a permanência no programa educativo – considerando abandonos escolares e mudanças de endereço -, bem como avaliações médicas médicas regulares, o que facilitava a família em tratar problemas de saúde antecipadamente.
Entre as conclusões que chamam a atenção, está o fato de que o efeito da escola, desde o primeiro ano de vida, tem um impacto maior nos meninos do que nas meninas. Segundo Heckman, isso se deve ao fato de jovens garotos, em geral, serem “mais lentos em desenvolver habilidades como auto-controle”, o que os tornariam mais vulneráveis a ambientes caóticos.