Médico confessa e é condenado por ter gravado iniciais nos fígados de pacientes

BBC Reprodução

O cirurgião inglês Simon Bramhall, de 53 anos, se declarou culpado diante das acusações judiciais indicando que ele teria marcado as iniciais do seu nome nos figados de dois pacientes durante operações de transplante. Durante audiência, o médico reconheceu os crimes, realizados no ano de 2013, no hospital Queen Elizabeth, em Birminghan, Reino Unido, mas só agora vieram a ser julgados. Simon é especializado em cirurgias de fígado, baço e pâncreas, e, para gravar suas letras, decidiu usar um feixe de argônio, equipamento elétrico útil para queimar veias, estancando sangramentos de órgãos durante procedimentos cirúrgicos. As marcas com as iniciais SM, entretanto, não prejudicaram a função dos órgãos, e, segundo o cirurgião, desaparecem por si mesmas.

As ações do médico foram flagradas por um de seus colegas de equipe que percebeu as iniciais do nome dele em um dos procedimentos que faziam. Bramhall admitiu o crime e desculpou-se, afirmando ter sido um erro o que ele fez. “Eu fiz uma reunião disciplinar em 15 de maio, mas não fui demitido. Em 16 de maio, eu tomei a decisão de entregar meu aviso. É um pouco difícil, mas eu tenho que seguir em frente”, explicou ele em entrevista ao jornal britânico The Guardian. “Este é um paciente que estamos falando, não um livro de autógrafos”, completou Joyce Robins, da Patient Concern. Simon trabalhou no hospital por 12 anos, até ser suspenso após a acusação ser considerada.

Tony Badenoch, especialista da área jurídica que participava do tribunal explicou a raridade de crimes do tipo. “Foi um caso altamente incomum e complexo, tanto no testemunho médico especializado prestado pelos dois lados quanto na lei. Na medida em que conseguimos estabelecer, não há precedentes legais em direito penal”, disse. “Foi uma aplicação intencional de força ilegal a um paciente anestesiado. Seus atos na marcação dos fígados desses pacientes eram atos deliberados e conscientes. Será uma decisão de outros definir em que medida sua aptidão para praticar a profissão será prejudicada”, finalizou Tony.

Apesar da polêmica, a sua ex-paciente Tracy Scriven afirmou não achar tão grave o que o cirurgião fez. “Mesmo que ele colocasse suas iniciais em um fígado transplantado, é realmente tão ruim? Eu não me importaria se ele fizesse isso comigo. O homem salvou minha vida”, declarou.

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