Livro “mais misterioso do mundo” é, enfim, decifrado

René Zandgergen/Reprodução

O historiador britânico Nicholas Gibbs, especializado no período medieval, declarou ter decifrado o livro considerado “o mais misterioso do mundo”. Chamado de Manuscrito de Voynich, com 240 páginas de ilustração, a obra chegou até a ser considerada coisa de extraterrestres, mas, segundo Gibbs, trata-se de uma amostra da escrita médica medieval. O livro é datado do período entre os séculos 15 e 16 e traz figuras de mulheres nuas em banheiras, símbolos do zodíaco e desenhos de plantas. A dificuldade da tradução da obra se dava por conta dos termos serem em latim e, ainda por cima, estarem abreviados a partir de ligaduras tipográficas – nome que se dá quando a grafia une duas ou mais letras em um único símbolo. Era assim que os escribas da Idade Média economizavam espaço e trabalho na época.

No artigo escrito pelo historiador, ele explica que se trata de um livro de referências, como um manual, com instruções para saúde e bem-estar das mulheres mais ricas da sociedade – mas ele acredita que a cópia era única e destinada a uma pessoa em particular. “Como alguém com uma longa experiência na interpretação de inscrições em latim em monumentos clássicos, tumbas e em chapas metálicas de igrejas inglesas, reconheci no Manuscrito Voynich sinais reveladores de um formato abreviado do latim”, explica.

A prática de banhos ilustrada no livro também apontou para a medicina medieval, de acordo com o historiador, pois os mesmos são relatados em outros livros de história. Já as ilustrações de plantas e símbolos do zodíaco eram temas comuns da época, quando Galeno, Hipócrates e Sorano de Eféso eram reverenciados na medicina. Gibbs também encontrou referências de outros livros que tratavam das doenças de mulheres, não exclusivamente na área de ginecologia, mas que falavam dos benefícios de tomar banhos com infusões.

Porém, as explicações e evidências do historiador ainda não foram suficientes para agradar a todos. Lisa Fagin Davis, diretora da Academia Medieval dos Estados Unidos, expressou via Twitter que a solução de Gibbs para o manuscrito era pouco convincente. O engenheiro René Zandgergen, que administra um site sobre o manuscrito misteriosos, declarou que o artigo do historiador era desproporcional para o tamanho do livro.

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