Engenheiro afirma ter descoberto a fórmula para felicidade
Como lidar com um evento trágico na sua vida? A resposta mais óbvia seria buscar terapia ou simplesmente deixar que o tempo passe, mas um homem afirmou que encontrou uma solução matemática para a tristeza. Mo Gawdat, engenheiro, passou muito tempo se sentindo miserável, mesmo com um bom emprego, bom salário e uma família feliz. Em busca de acabar com esse sentimento, ele formulou a “equação da felicidade”.
Ele colocou essa equação em teste quando seu filho, de 21 anos, faleceu inesperadamente durante uma operação de rotina. “Minha teoria era que eu nasci feliz e, quanto mais me envolvi com a vida, mais infeliz eu me tornei. Eu era muito infeliz, reclamava sobre tudo e constantemente tentava controlar o mundo”, contou ao portal de notícias britânico The Independent. “Eu comprei carros, gastei dinheiro e tentei completar o vazio que eu sentia de qualquer jeito, mas nada funcionava.”
Decidido a sair desse estado, Mo leu muito, mas mesmo assim ele não conseguiu progredir. Por ser engenheiro, ele preferia ser pragmático na busca por soluções, então era difícil se identificar com livros de bem-estar e cuidados. Ao pensar sobre isso, ele demorou sete anos e meio para formular uma solução; a primeira etapa foi definir o problema e descobrir o que é felicidade.
Ele começou listando “pontos de dados” de tudo em sua vida que o deixava feliz e buscou uma linha em comum entre eles. Os momentos documentados variavam desde uma boa xícara de café ao sorriso dos filhos ou uma gentileza do chefe. “O ponto em comum em todos esses momentos é que ficamos felizes quando a vida está como queremos”, explicou. Daí veio a equação: felicidade é igual a ou maior que os eventos da sua vida menos a expectativa do que a vida deveria ser.
De acordo com o estudo que ele fez, ao reconhecer sua “lista da felicidade”, o motivo pelo qual as pessoas são infelizes é porque elas são treinadas a olhar momentos da vida de uma forma que não é verdadeira, o que levou Mo a desenvolver o “675 model”. Esse modelo mostra que existem seis ilusões que embaçam a vista das pessoas em relação ao mundo real: pensamento (acreditar que você é o que você pensa), a própria pessoa (acreditar que você é seu corpo, emoções, crenças, nome, conquistas, família ou posses), conhecimento, tempo (pensar demais sobre o passado ou futuro), controle e medo.
Em seguida, ele observou sete pontos cegos que faz com que as pessoas não percebam a verdade ao olhar para a vida: filtrar, presumir, caçar, memórias, rótulos, emoção e exagero. Ao colocar todos esses pontos na equação, é assim que as pessoas veem a vida, embaçando o real significado dos acontecimentos.
“Consertar as seis ilusões e os setes pontos cegos vai fazer você acabar com os motivos para sua infelicidade. Ao fazer isso por tempo suficiente, você começa a perceber que é besteira, pois a vida atende a nossas expectativas, na maioria das vezes”, explicou Mo.
Finalmente, existem cinco verdades que ele acredita que as pessoas precisam aceitar: que o agora, mudanças, amor e morte são tão reais quanto a quinta verdade, que é a crença de que nada na vida acontece por acaso e que a vida normalmente segue um padrão, leis, regras e a ciência. Ao considerar essas cinco verdades, mesmo que seja difícil, elas não são inesperadas, pois são apenas as verdades da vida.
A morte do filho de Mo serviu para que ele adicionasse o “fator morte” a equação. Por causa das circunstâncias da morte, oficiais de Dubai pediram autorização para fazer uma autopsia. A mãe do rapaz perguntou aos oficiais se isso traria seu filho de volta à vida. “Isso aconteceu quatro horas após a morte dele e nos ancorou à realidade. A pergunta dela deixou muito claro que Ali nunca mais retornaria, mesmo se nós chorássemos pelo resto das nossas vidas. Essa percepção é o centro da felicidade de todo mundo. Às vezes a vida pode ser difícil, mas não há nada que você possa fazer para reverter essa dificuldade, a única coisa que isso traz é sofrimento”.
Com isso, ele também traçou a diferença entre dor e sofrimento. Dor é o que protege a pessoa do sofrimento, é o mecanismo do corpo que mantêm as pessoas vivas. Sofrimento é desnecessário, é um ciclo no qual um pensamento só causa mais sofrimento pelo sentimento de culpa. Dor deveria ser motivação suficiente para mudar e melhorar sua felicidade, segundo Mo.
Esse tipo de iniciativa pode ser usado por qualquer um, diz ele, mas reconhece que para pessoas com depressão e problemas de saúde mental não é tão simples. “Essas duas questões estão muito além das minhas habilidades. Temos que reconhecer que saúde mental é real. Eu não penso nisso como um defeito, se trata apenas de uma conexão diferente. Se você pegar um código escrito para um iPhone e colocar em um Android, não vai funcionar”.
Para as outras pessoas, parte do problema na busca pela felicidade é que elas passam muito tempo penduradas no futuro, então criam infelicidade para si próprios. É preciso querer ser feliz, de acordo com Mo. “Se você não se importa que é infeliz, eu não posso fazer nada por você. Você tem que fazer a escolha”.
Mo conclui dizendo que, apesar de parecer difícil, se torna mais fácil com o tempo. É como ir para a academia pela primeira vez; a princípio, os músculos doem, mas com o tempo você se acostuma e então se torna parte da sua rotina.