Cineasta põe câmera no olho e defende mundo digital

Rob Spence tinha 9 anos quando perdeu o olho esquerdo em um acidente de tiro na fazenda do avô. Em 2010, ele decidiu trocar o olho de vidro que usava por uma câmera. A invenção do canadense foi nomeada a melhor em 2009 pela revista Time. Rob é cineasta e consegue capturar imagens usando o olho-filmadora. O equipamento contém uma câmera sem fio que funciona com uma bateria minúscula de três volts. A câmera não está conectada ao cérebro dele e não restaurou a visão de Rob, ela apenas grava tudo que ele vê. Além disso, o dispositivo contém um transmissor sem fio que transfere tudo que ele está vendo para um computador em tempo real. A lente, bateria e circuito de transmissão ficam dentro de uma espécie de lente de contato bem grossa.

Como cineasta, ele queria gravar conversas mais verdadeiras, coisa que não aconteceria em frente a uma câmera de verdade. “Quando você coloca uma câmera, as pessoas mudam”, contou Rob ao jornal britânico Telegraph. Só após a gravação, Rob entregava um termo de permissão para usar as imagens da pessoa. “Há problemas éticos nisso, mas eu sou cineasta. Se você for contra, não tem problema, é só não assinar o termo. Não vou colocar você no documentário”.

O documentário ao qual Rob se refere é o The Eyeborg Documentary, lançado em 2011, que já teve mais de 1 milhão de visualizações no YouTube. Tanto esse quanto todos os outros trabalhos audiovisuais de Rob exploram humanos em uma realidade aumentada, ou seja, humanos que foram “melhorados” com tecnologia. “Algumas pessoas acham muito legal, outras acham assustador”.

Rob foi convidado para participar de duas palestras no TED Talks para discutir o futuro da tecnologia ciborgue e a possibilidade de melhorias da visão a partir da experiência com uma câmera. Em 2016, ele lançou o longa-metragem Mankind Divided. “Tudo pode parecer uma loucura nesse momento, mas imagine como as pessoas se sentiram com a invenção do jornal impresso. Qualquer coisa que você dissesse poderia acabar na capa de um jornal, no país inteiro”.