Famílias substituem botijões de gás por biodigestor no Agreste e Sertão
Com mais de 400 unidades construídas, a tecnologia social de biodigestão já afetou cerca de 2 mil pessoas, no Sertão do Pajeú e no Agreste de Pernambuco. Com a primeira implantação no estado em 2009, trata-se de uma iniciativa verde que transforma estrume em gás metano, o qual pode ser utilizado para cozinhar. Ao entrar em combustão, o gás metano se torna gás carbônico, que é bem menos prejudicial ao meio ambiente. O metano pode ser facilmente encontrado nas fezes animais e humanas que, quando despejadas de qualquer forma causam danos bem maiores.
Afonso Cavalcanti Fernandes participou da instalação de uma caixa de biodigestor em Afogados da Ingazeira e ficou surpreso com a receptibilidade da família. “Eles foram ótimos, ficaram muito curiosos com o funcionamento do biodigestor e impressionados com o fato de que estrume produz gás”, relembrou. Para uma família como a de Joselita e Luiz de Barreiros, é necessário uma lata de estrume e uma lata de água para fazer a máquina funcionar e o indicado é ter apenas uma casa ligada a cada biodigestor.
Há uma abertura lateral que permite que o estrume e a água sejam adicionados e misturados. O gás sai por uma outra abertura, para a cozinha da casa, onde será usado para a combustão. Ao contrário do que se pensa, esse gás não tem cheiro forte. Segundo Afonso, o cheiro se assemelha ao dos canais abertos do Recife, mas em uma escala muito menor, que some quando o gás metano entra em combustão. Após esse processo, o resto líquido ou sólido que sobrarem do estrume podem ser utilizados normalmente como fertilizante.
Em uma cidade maior, como no Recife, seria necessário fazer o uso de fezes humanas para ter o nível necessário de material para o funcionamento, mas é uma possibilidade viável. “É uma tecnologia mais verde e positiva. Seria possível transformar o gás em energia e iluminar várias casas do Recife a partir dessa biodigestão. Seria uma solução para o tratamento de esgoto atual e diminuiria a poluição humana”, explicou.