Após preconceito e tentativa de suicídio, muçulmano realiza sonho de casamento gay
Jahed Choudhury, 24 anos, e Sean Rogan, de 19, realizaram o sonho de se casar em Walsall, uma cidade da Inglaterra. A união é ainda mais especial por, além de se tratar de um casamento entre pessoas do mesmo sexo, os dois mostram ao mundo que ser gay e muçulmano é possível. O casamento é um dos primeiros a envolver muçulmanos do mesmo sexo no Reino Unido.
Na cerimônia, os dois usaram trajes tradicionais da cultura de Bangladesh, enquanto diziam seus votos um para o outro, em frente a amigos, no cartório da cidade. Antes de conhecer Sean, Jahed contou que passou por momentos difíceis por ser gay e até pensou e se matar. “Me sentia a ‘ovelha negra’ da minha família muçulmana de Bangladesh. Eu era intimidado na escola, atacado por outros muçulmanos e fui expulso da mesquita. Tentei mudar minha orientação sexual e prosseguir as peregrinações religiosas, mas logo após, tentei me matar. Tudo isso mudou quando conheci Sean”, explicou Jahed ao jornal britânico The Independent.
Um porta-voz do Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, da sigla em inglês) disse que a religião dos cônjuges não é rotineiramente registrada nessas cerimônias não religiosas. O número de casamentos gays religiosos é muito pequeno, segundo dados do ano de 2014, ano mais recente com dados disponíveis. O Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha, que representa mais de 500 organizações e mesquitas, é um dos órgãos que se opôs à legalização do casamento gay em 2013. Posteriormente, esse tipo de cerimônia foi legalizado em outros países como, por exemplo, a Escócia.
A união, no entanto, não está sendo bem aceita. Após a divulgação na mídia, várias pessoas que se identificam como muçulmanos escreveram contra a cerimônia e sobre a “impossibilidade” de uma pessoa ser gay e muçulmana. “Você não pode ser gay e muçulmano. Se você é gay, você não é um muçulmano”, afirmou um rapaz no Twitter. “O Islã proíbe isso. Não estou dizendo que eles devem se separar e virarem héteros, o que digo é que não é possível ser muçulmano se você é gay”, comentou outra conta no Twitter.
Vozes contra a união Jahed já conhece, até mesmo dentro de casa. Ciente das dificuldades que vai enfrentar, ele garante ter um objetivo maior. “Minha família pensa que é uma doença que pode ser curada, alguns continuam dizendo que é uma fase. Nós mostraremos ao mundo inteiro que é possível ser gay e muçulmano”.