Tia trata com ópio dor de sobrinho, agora em reabilitação por dependência
Nos últimos tempos, o Afeganistão tem experimentado um aumento recorde na produção e no vício em ópio e em heroína. Sem escolher a idade de quem vai capturar, as drogas alcançaram um menino afegão de apenas 9 anos de idade. “Vivia com a minha tia, que era viciada em drogas. Certo dia, eu tive uma dor de dente e ela me disse: ‘fume isto que você vai se sentir melhor’. Depois disso, eu me viciei. Meus pais também”, contou e documentário da BBC. A criança está inalando ópio há três meses, mas está se tratando em um centro de reabilitação em Cabul, onde espera também por um tratamento médico e psicológico voltado para o público infantil.
A reabilitação à qual o menino está submetido também se propõe a cuidar das mães daquelas crianças, que, por vezes, também são dependentes químicas. As estatísticas apontam para um número urgente de crianças usuárias. São cerca de 100 mil menores de 18 anos envolvidos com drogas no país, que tem 34 milhões de habitantes. O garoto reconhece a importância do tratamento que está fazendo. “Sou muito grato ao centro, que nos dá comida e atendimento”, afirma. Uma das médicas, porém, explica os desafios de quando essas pessoas saem de lá. “Quando elas saem daqui, voltam para as suas casas, justamente onde o vício começou. Por isso, muitas vezes, têm recaídas e precisam voltar pra cá. Algumas vezes voltam três ou quatro vezes”, disse Farima Nikhat.
O Afeganistão, atualmente, é o maior produtor global de papoula, a matéria-prima da heroína e do ópio. O governo tem tentado erradicar o cultivo, mas ele só tem aumentado, principalmente em regiões de domínio talibã, que se utilizam do comércio da papoula para financiar as suas atividades militares. Um relatório público divulgado recentemente mostrou que, de 2016 para 2017, a produção de ópio aumentou 87%, alcançando o número de 9 toneladas produzidas. “Esse crescimento produtivo cria desafios múltiplos ao país, a seus vizinhos e aos muitos outros países que são entrepostos ou destinos dos opiáceos afegãos”, conclui o escrito.