Estudo brasileiro busca usar soro de cascavel contra o câncer de mama
Uma pesquisa que vem sendo conduzida há nove anos vem mostrando o potencial do soro da cobra cascavel na luta contra o câncer de mama. A pesquisa começou a ser desenvolvida na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Minas Gerais, quando Sarah Gimenes fazia sua graduação em ciências biológicas. Hoje, Gimenes é doutoranda e trabalha com um inibidor encontrado no soro capaz de atacar células tumorais.
Durante sua graduação, Sarah fez a purificação do soro retirado da cobra e o incubou com o veneno e, então, a pesquisadora buscou identificar qual era o elemento presente no soro que conseguia inibir as ações da substância, principalmente a atividade tóxica da fosfolipases A2, presente tanto no veneno quanto em células tumorais. “O soro que se encontra na serpente tem a capacidade de neutralizar o próprio veneno. Fizemos os testes de incubar o soro com o veneno e ver as ações inerentes a ele. Vimos que o soro da cobra neutralizava algumas atividades”, afirmou ao ao portal G1.
No doutorado, Sarah começou a fazer testes com o inibidor, batizado de γCdcPLI, em células tumorais humanas in vitro, em especial as do câncer de mama. O estudo está com patente registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). “Para que possam ser diretamente utilizados para a cura de uma doença tem um caminho longo ainda. Os estudos geram conhecimento para que a indústria farmacêutica possa gerar novos fármacos com ações diferenciadas. Estamos no caminho, gerando e demonstrando o potencial dessas moléculas, que são produtos da natureza. Quem sabe a partir daí possam ser criados fármacos usados pela sociedade?”, declara a professora Veridiana de Melo, orientadora da pesquisa.