Dois casos, um verme: tênia tornaria câncer contagioso e estava em cérebro de homem a quem foi dado 30 minutos de vida
Dois casos envolvendo um platelminto assustaram a comunidade médica e dominam noticiários internacionais, em novembro de 2015. O tipo de tênia em questão, que em inglês é conhecido como Tapeworm, foi encontrado no cérebro de um norte-americano desenganado pelos médicos como se tivesse apenas 30 minutos de vida caso não entrasse em cirurgia urgente. Já um paciente colombiano morreu por infecção do mesmo verme, mas o que chama a atenção é que o animal tinha câncer e o transmitiu para o hospedeiro, um casos até então não estudado e que levanta suspeitas de possibilidade de contágio entre outros humanos e animais.
O primeiro caso foi registrado na Califórnia (EUA). Luis Ortiz, 26, procurou o Centro Médico Queen of The Valley com o que descrevia como a pior dor de cabeça que já sentiu. Foi a partir de uma tomografia que os médicos identificaram um verme vivo em seu cérebro, obstruindo o fluxo de líquidos para o órgão e tornando seu falecimento iminente. Ele foi induzido ao coma e um cirurgia neurológica foi realizada pelo médico Soren Singel no mesmo dia. “O médico disse que tirou o verme e ele ainda se mexia. Qual a probabilidade de eu ter um parasita na cabeça?”, falou Ortiz ao jornal britânico The Independent. Ao mesmo jornal, o médico disse que a situação não era tão incomum e pode ser causada pela ingestão de peixes ou carnes bovina e suína contaminadas.
Já um homem de 41 anos, natural de Medellin, na Colômbia, teve o caso revelado no Jornal de Medicina de New England recentemente. Ele era HIV positivo, o que já mantinha seu sistema de defesa enfranquecido. O que chamou a atenção da comunidade médica é que ele tinha tumores com mais de 4cm nos pulmões, fígado e outras partes do corpo e um exame de DNA revelou que as células cancerígenas, na verdade, não eram humanas. Depois de dois meses investigando, o Centro de Controle de Doenças dos EUA e o Museu de História Natural do Reino Unido conseguiram identificar que as células, na verdade, pertenciam ao corpo da cestoda e se espalhou pelo corpo de seu hospedeiro, caracterizando um caso de câncer com infecção, apenas identificado nos últimos três dias de vida do paciente, quando já, não havia chance de tratamento.
De acordo com o jornal britânico BBC, os médicos identificaram a espécie do verme como o Hymenolepis nana, que infecta cerca de 75 milhões de pessoas no mundo. Eles estudam agora a possibilidade de contágio do câncer em situações do gênero, uma vez que transplantes ou mesmo a relação de mãe e filho no útero poderiam transportar as células cancerígenas dos vermes, como já aconteceu em outros casos raros de câncer. O professor Mel Greaves, do Instituto de Pesquisa do Câncer em Londres classificou o caso como “interessante e único” e que o que chama a atenção no caso é justamente como as circunstâncias permitiram que a situação do verme se estendesse ao hospedeiro.