Prefeito que deu chaves da cidade a Deus se desculpa, mas município é apenas um de quatro já entregues ao divino
O prefeito Jairo Magalhães, de Guanambi, na Bahia, lançou uma nota se desculpando após entregar, em seu primeiro decreto, a chave do município a Deus. Ao jornal Estadão, Jairo nega ter ferido o princípio de laicidade do Estado, afirmando que “não teve como intenção causar nenhuma dissensão ou debate de cunho religioso”. Segundo ele, a intenção da publicação foi de apelar a todas as crenças, suplicando a mesma proteção de Deus diante de um “ambiente de intolerância e assustadora violência que atormenta as famílias e a sociedade”. No texto, o prefeito rogava a Deus, além de “cancelar todos os pactos realizados com qualquer outro deus ou entidades espirituais”.
Apesar da polêmica quanto ao município baiano, nem a iniciativa nem o texto são inéditos. O decreto, publicado no Diário Oficial de Guanambi no dia 2 de janeiro de 2017, é praticamente transcrito de outro decreto, desta vez ex-prefeita do município de Sapezal, Ilma Grisoste, no Mato Grosso – que, por sua vez, ofereceu as chaves da cidade a Deus, mas próximo ao término de seu mandato. Ela ficou em quarto lugar na disputa pela reeleição, com 9,98% dos votos. O pleito foi vencido por Valcir Casagrande, do PSC (54,03% dos votos).
De acordo com o jornal rondoniense Folha Nobre, a também prefeita eleita Helma Amorim, de Alto Paraíso (RO), reproduziu a mesma oferta de chaves da cidade em seu primeiro decreto.
A polêmica de oferta da cidade a figuras religiosas não é uma questão das administrações mais recentes. Em 2011, a prefeita do município Porto dos Gaúchos, também no Mato Grosso, Carmen Duarte, realizou cerimônia simbólica junto a pastores e líderes religiosos para entregar as chaves da Cidade a Jesus Cristo. Segundo o jornal local Porto Notícias, a entrega foi feita em seu gabinete junto a secretários e funcionários da prefeitura.