Crianças voltam a andar após estímulos elétricos no cérebro
Um grupo de crianças com distonia, síndrome muscular que impede a capacidade de caminhar sem cair ou precisar de apoio, foi capaz de recuperar a independência de locomoção graças a pulsos elétricos direcionados a seus cérebros. O feito foi realizado no Hospital Ormond Street, em Londres, no Reino Unido, e obteve resultados junto à maioria dos 27 pacientes pesquisados. Em comum, eles apresentavam mutação no gene KMT2B, que interfere no funcionamento de uma cadeia de genes ligados ao controle adequado dos movimentos do corpo e que, quando corrompido, leva à síndrome, na qual os músculos se contraem involuntariamente.
“Através do sequenciamento de DNA, nós identificamos um novo transtorno genético do movimento que pode ser tratado com uma profunda estimulação cerebral“, disse a neurologista pediátrica do hospital Manju Kurian, ao jornal britânico The Telegraph. “Isso pode melhorar dramaticamente a vida de crianças com esta condição e permitir que elas tenham uma gama maior de movimentos com efeitos duradouros“.
Entre os pacientes, três tiveram a mutação genética espontânea durante o seu desenvolvimento. Das três crianças que a herdaram, apenas um dos seis pais tinha sintomas de distonia. Entre todos os participantes do estudo, os mais jovens tiveram os melhores resultados, a ponto de que alguns conseguiram andar sem nenhuma ajuda. “Até o momento, todas as crianças que nós analisamos tiveram uma resposta positiva”, afirma.
Katie Alexander, de 12 anos, é uma das crianças que irá receber o tratamento em janeiro de 2017. De acordo com sua mãe, Sarah, os primeiros sintomas começaram a aparecer quando ela tinha dois anos. Com o passar dos anos, a condição só piorava, a ponto de Katie perder a habilidade de segurar um garfo e faca. “Obviamente você não quer submeter seu filho à operação, mas quando você vê como a doença progrediu, você sabe que tem que interferir”, disse ao jornal britânico The Guardian.
Outra paciente, Stephanie Maruccy começou a desenvolver a doença aos 11. Aos 19, ela consegue ficar de pé após a terapia para reverter os sintomas. “Ela consegue se movimentar bem e levantar um copo agora, então isso realmente mudou a vida dela”, disse o pai, Adrian Marucci, ao The Telegraph.