Grupo de ciclistas quer reavivar prática de Bike Polo no Recife

por

Esporte normalmente praticado a cavalo ganhou uma nova modalidade e, em Casa Forte, está sendo praticado sobre bicicletas

Abaixo do Viaduto do Parnamirim, bem ao lado do Museu Murillo La Greca, uma partida de polo chama a atenção de quem passa e ouve os gritos de “gol”. Sim, de polo. A versão recifense de um dos jogos preferidos da antiga aristocracia britânica, no entanto, troca os imponentes cavalos por leves bicicletas. No bike polo, as regras são praticamente as mesmas e os jogadores, quatro de cada lado, usam um longo taco para conduzir bolas de plástico ou madeira até o gol adversário.

Roberto Ramos/Especial DP

Criado na Irlanda, em 1891, o esporte já tinha desembarcado no Recife há cinco anos, mas ficou restrito a pequenos grupos de classe alta e não se popularizou. A dupla André Couto e Arion Santos tentam mudar essa realidade, oferecendo a modalidade hardcourt bike polo, sempre às quartas-feiras, próximo à Vila Vintem, mesmo para interessados na prática que não possuam bicicleta ou equipamentos. “As coisas demoram a aparecer aqui. O bike polo está há muito tempo no Sul e Sudeste e as pessoas que organizam campeonatos lá já quiseram trazê-lo para o Nordeste, mas não tem quem se engaje aqui, então perdia o sentido. O mais difícil a gente já conseguiu: temos as bolinhas oficias e temos tacos que simulam os oficiais, de um material mais acessível”, explica Santos.

Para atrair novos jogadores, o grupo de jogadores vai a quadras públicas nos finais de semana para que moradores de várias comunidades conheçam o esporte. “Temos uma cultura aqui no Recife que as crianças já nascem em cima de uma bicicleta, já fazendo manobras que um adulto não faz, por não ter medo de cair. Se essas pessoas se aproximarem desse esporte, há uma grande chance delas se destacarem”, completa Santos, que também é entusiasta do uso da bicicleta como meio de transporte diário, o que faz parte de seu cotidiano há 10 anos. No Brasil, não há liga oficial de bike polo, logo a ideia de “profissionalização” dá conta dos atletas que disputam torneios nacionais e internacionais, não que ganham dinheiro com isso.

Em todo esporte há riscos de lesão. No bike polo, ainda há o agravante de estar em cima de uma bicicleta. Cair dói, mas com a prática do esporte, os jogadores aprendem a como cair para se machucar menos, aprende a tomar cuidado com choques e como se equilibrar melhor, o que acaba ajudando no dia a dia, na prática comum de livrar-se dos carros nas ruas do Recife. Para André, a saúde física do esporte não entra na conta, é apenas uma consequência. “A gente nem pensa nisso, na verdade. Já pedalamos todos os dias, aí nem sentimos tanto esses efeitos, nem estamos muito preocupados com isso. É como se fosse algo natural, a saúde é só consequência.”

Roberto Ramos/Especial DP

De acordo com o professor de Educação Física da Universidade Federal Rural de Pernambuco Rafael Miranda, qualquer prática de esporte gera uma resposta física, mesmo que não seja sentida, no caso do bike polo as respostas são cardiorrespiratórias e musculares. “O jogo trabalha muito a resistência muscular, principalmente das pernas e das costas. Como se joga inclinado, por causa do taco, trabalha muito os músculos da base da coluna”, explica.

Roberto Ramos/Especial DP

O guarda municipal de Jaboatão dos Guararapes – ex-ciclista mensageiro –, Pedro Hildon dos Santos, 27, é um dos jogadores que também buscam usar a magrela como transporte, saúde e lazer. “Tem sido prazeroso, gosto bastante. É o momento que encontro pessoas que gosto, companheiros de pedalada. É gratificante perceber que, a cada partida, você desenvolve mais atributos e isso ajuda o ciclista a lidar melhor com os desafios do trânsito”, conta.

Para quem não tem experiência no esporte, o grupo é muito paciente, mas se aprende jogando. “A gente diminui o ritmo do jogo. Somos bem empíricos, foi assim que aprendemos. No grupo de hoje em dia, todo mundo começou agora, eu fui dando dicas e jogando com eles. São todos bem-vindos, não importa gênero, cor, não importa nada. Basta ter uma bike; nós não jogamos para sermos profissionais, jogamos para brincar”, convida Arion.

Para brincar:

Quanto mais simples, melhor

Marcha única

Marcha leve

Freio dianteiro

Capacete

Para ser profissional:

Nenhuma ponta metálica exposta

Freio dianteiro

Disco de freio protegido por uma grade

Relação roda dianteira-roda traseira com menor espaçamento

Nenhuma peça grande de alumínio

Luvas

Capacete

Paula Paixão

Paula Paixão

Repórter

Paula é estagiária do Diario de Pernambuco desde janeiro de 2017

Roberto Ramos

Roberto Ramos

Fotógrafo