De refrigerantes a combustíveis: os riscos na busca pelo bronzeado perfeito
Pernambucanas contam experiências na tentativa de atingir a cor perfeita e profissionais esclarecem qual o caminho mais seguro para persegui-la
Refrigerante, parafina, henna, limão, azeite, óleo de coco, fita adesiva e até biquíni adesivo são apenas alguns dos recursos “alternativos” utilizados na busca pelo “bronze ideal”. Em comum, todos eles têm a reprovação de dermatologistas e riscos de sérias consequências à saúde, quando tudo que se queria era a cor tão desejada, em especial no Litoral do Nordeste, famoso pelo “verão que dura o ano inteiro”.
A comerciante Nadja Oliveira, 45, é branca e loira e, desde a adolescência, perseguia a cor ideal. “Cada verão era uma loucura diferente pra conquistar um bronze. Cada um com uma moda”, lembra. Uma delas foi a do óleo de coco. “Eu mesma fazia o óleo. Extraía do fruto, fazia no fogo e misturava com urucum”, diz, acrescentando que também recorreu a refrigerantes e até a combustível de avião. “Uma amiga conseguiu. Eu passava no corpo e ia para o sol”, garante. A rotina de pele queimada, bolhas e corpo despelando, comum a todos esses métodos, só teve fim aos 38 anos, quando sua cor natural foi aceita. Aos 43, no entanto, passou a enfrentar um melanoma, tipo mais raro de câncer de pele. “No meu caso, não tem cura, mas há um ano, estou com ausência da doença. Faço exames de três em três meses porque ela pode reaparecer”, conta.
Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e professora do Hospital das Clínicas/UFPE, Marcia Oliveira, avalia os tais métodos alternativos:
Refrigerantes de cola, óleo e manteiga
“Quando em contato com a pele exposta ao sol, não ajudam no bronzeamento e levam a queimaduras. Eles causam um processo inflamatório com consequente formação de manchas. Além do risco de levar a uma dermatite de contato (irritação com vermelhidão e até descamação da área)”, explica a dermatologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Marcia Oliveira, também professora do Hospital das Clínicas – UFPE.
Fita adesiva e biquínis adesivos
O uso desses biquinis adesivos, fitas isolantes e esparadrapos podem facilmente causar dermatite de contato alérgica (o que já é muito frequente com o uso habitual do esparadrapo, sendo pior com a fita isolante ou outros adesivos). Considerando a exposição ao sol, vale destacar o risco de descolamento da pele durante a retirada dos adesivos. Além disso, esses materiais estão entre as causas mais frequentes de dermatite de contato alérgica.
Henna
“Não é uma substância adequada para obtenção de um efeito bronzeado, além disso, pode causar alergia na área do contato”.
Parafina
“Assim como os óleos, quando em contato com a pele exposta ao sol levam a queimaduras e também elevam o risco de ser desenvolvida uma dermatite de contato”
Água Oxigenada
Esse tipo de produto tem ação descolorante independentemente da exposição solar. Por isso, quando em contato direto com o sol, pode levar a queimaduras e manchas na pele. Além disso, o sol pode aumentar a sensibilidade da pele ao produto e desencadear reações alérgicas.
Óleo de cozinha, de coco e azeite
Todo tipo de óleo, em contato com a pele, pode causar queimaduras graves quando exposto ao sol, com consequente formação cicatrizes e manchas. Também há risco de dermatite de contato.
Limão e laranja
Combinado ao sol, pode causar a chamada fitofotodermatose, processo inflamatório que pode levar a queimaduras graves. Causam manchas escuras que demoram meses para sair. Se o contato ocorrer por acaso, deve-se lavar imediatamente a área com água e sabonete e aplicar protetor solar.
Como deve ser?
Mayra Couto
Repórter