Tecnologia pernambucana vai diagnosticar zika em 20 minutos
Diminuir para 20 minutos o tempo de espera pelo resultado do exame de todas as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti a partir de um teste simples, semelhante ao de glicose. Esse é o objetivo de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que já conseguiram criar a tecnologia para detectar os quatro sorotipos de dengue e trabalham agora para identificar o zika vírus e certificar os casos de chikungunya, utilizando biossensores.
Hoje, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Recife, os testes de zika são realizados apenas fora do estado e demoram cerca de um mês, mesmo tempo necessário para definir o sorotipo de dengue contraído. Quanto à chikungunya, sequer há testes disponíveis e a confirmação é feita apenas clinicamente, por avaliação médica.
Sem laboratórios que façam o teste, as amostras dos pacientes são enviadas para o Pará, onde aguardam uma fila extensa até serem testadas. Com a tecnologia dos biossensores, os resultados sairiam na hora. “Os exames de zika e chikungunya seguirão a mesma lógica do que criamos para detectar os tipos de dengue. Nosso aparelho é composto de um pequeno instrumento, em que é colhida a amostra biológica (sangue ou saliva) e outro que a recebe e dá o resultado”, explica o diretor do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asani (Lika), José Luiz de Lima Filho.
O médico explica que o aparelho tem uma sequência de DNA específica que é “colada” ao RNA do vírus que se quer testar. “Com a reação, a passagem de corrente elétrica no aparelho é modificada, indicando que a pessoa está portando aquele vírus”, explica. “Dessa forma, para cada sorotipo testado, precisamos apenas descobrir uma sequência de DNA que se cole a ele. No primeiro semestre desse ano, descobrimos o da dengue tipo 4 e prevemos a descoberta da sequência para zika e chikungunya até fevereiro de 2016.”
A utilização das descobertas feitas no Laboratório esbarra na ausência de investimentos. O aparelho que detecta os sorotipos da dengue, por exemplo, ainda precisa ser certificado pela Anvisa para que seja produzido em larga escala. “Aí vem o segundo obstáculo: as empresas precisam fabricá-lo para que o poder público possa utilizá-lo. A patente das descobertas normalmente demoram quase dez anos, mas nós queremos que as pessoas produzam o aparelho e o utilizem mesmo que ainda não tenhamos os direitos de uso.” O Lika tem atualmente 25 pedidos de patente para o Brasil.