Seis brasileiros detêm mesma riqueza que metade da população junta
A riqueza dos seis brasileiros mais abastados equivale à riqueza da metade mais pobre do país. Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) somam o mesmo que, juntas, teriam 100 milhões de pessoas do país, 50% da população. Os dados são de um estudo sobre desigualdade realizado pela Oxfam, que estimam que esses seis indivíduos poderiam gastar um milhão de reais por dia e, ainda assim, demorariam 36 anos para detonar seus patrimônios atuais.
A pesquisa também apontou que os 5% mais ricos do país concentram a mesma renda que os outros 95% da sociedade. Segundo a diretora-executiva da Oxfam, Katia Maia, não adianta dar mais força à base da população e não equilibrar o topo, o que não se faria sem uma reforma tributária que promovesse essa readequação. “Na base da pirâmide houve inclusão nos últimos anos, mas a questão é o topo. Ampliar a base é importante, mas existe um limite. E se você não redistribui o que tem no topo, chega um momento e que não tem como ampliar a base. França e Espanha, por exemplo, têm mais impostos que o Brasil, mas nossa tributação está focada nos mais pobres e na classe média. Precisamos de uma tributação justa. Rever nosso imposto de renda, acabar com os paraísos fiscais e cobrar tributo sobre dividendos”, explicou ao portal de notícias do El País Brasil.
O Brasil está entre os dez países mais desiguais do mundo, com uma concentração de renda da ordem de 37%, muito acima da média mundial. Na América Latina, fica atrás apenas da Colômbia, Paraguai e Haiti. Para chegar ao nível de desigualdade da Argentina, por exemplo, o país levaria 31 anos. Em reportagem especial, o CuriosaMente mostrou ainda que a situação é agravada quando trata-se da realidade de cidades em vez do país como um todo, cenário no qual o Recife aparece como a capital com maior desigualdade desde 1991, com um indicador de 0,68 numa escala que vai de 0 a 1, sendo um a concentração completa de renda por apenas um indivíduo.
Uma trabalhadora que ganha um salário mínimo por mês levaria 19 anos para receber o equivalente aos rendimentos de um mês de um super-rico brasileiro. A realidade do salário mínimo, R$ 937, é uma constante para 23% da população, enquanto a condição de super-rico etá restrita a 0,1% dos brasileiros hoje. Mantida a curva de diminuição da desigualdade social atualmente em curso no Brasil em duas décadas, apenas em 2047, as mulheres conquistariam a equiração salarial no mercado de trabalho. O estudo também prevê a igualdade de rendimentos na questão racial, com um cenário ainda mais preocupante: para que a população negra ganhe o mesmo que a branca no país, é preciso esperar até 2089, no ritmo de mudança social verificado até 2017.
O estudo completo pode ser lido ou baixado: