Princípio ativo da maconha pode melhorar memória de idosos, diz estudo

Pixabay/Reprodução

Há vários anos os cientistas vem estudando benefícios medicinais do THC – princípio ativo da maconha – e agora podem ter descoberto um novo e importante efeito da substância. Em testes com roedores, pesquisadores da Universidade de Bonn, na Alemanha, obtiveram resultados positivos na diminuição da perda de habilidades cognitivas – como a memória – relacionadas ao envelhecimento, através do uso da substância.

Os cientistas deram aos ratos pequenas doses de THC em três diferentes fases de suas vidas: aos dois meses, aos 12 meses e aos 18 meses de idade – sendo os dois últimos grupos aqueles que representavam indivíduos com cérebros já sofrendo os efeitos da idade.

Eles então conduziram três experimentos. No primeiro, os ratos precisavam aprender o caminho até a saída de um labirinto. Os ratos mais velhos se saíram pior do que os mais jovens até serem tratados com THC, com a performance dos roedores mais velhos melhorando significativamente. O segundo envolvia a localização de um objeto específico e a performance dos ratos mais velhos tratados com THC foi semelhante à dos mais novos que não receberam a substância. No terceiro teste, de reconhecimento de parceiros mostrou que os ratos mais velhos tratados com THC tinham uma memória melhor.

Ratos idosos tratados com THC acharam mais facilmente a saída do labirinto

O THC interage com o sistema endocanabinoide do cérebro – um conjunto de receptores e enzimas que trabalham como sinalizadores entre as células e os processos do corpo e que foi assim batizado por ter sido descoberto justamente por causa das pesquisas envolvendo os efeitos da maconha. Esse sistema está envolvido em várias funções fisiológicas do corpo, como dor, humor, memória e apetite. A razão para os resultados encontrados nesses experimentos, comprovados por pesquisas posteriores, é que o THC parece restaurar os padrões da atividade cerebral ligada à memória e ao aprendizado.

Os autores do estudo, porém, não afirmam ainda que os mesmos resultados poderiam ser encontrados em humanos, como destaca a revista Newsweek. Porém, indicam que eles podem levar a novos tratamentos para retardar o declínio cognitivo em pessoas mais velhas.

Já há algum tempo os cientistas estudam os efeitos do THC no tratamento de doenças neurodegenerativas, como o Mal de Parkinson, a esclerose e a epilepsia. Nos últimos anos, a comercialização de medicamentos à base da substância também avançou. Nos EUA, o FDA (órgão federal responsável pela regulação de alimentos e medicamentos) recentemente concedeu licença a vários deles. Na Inglaterra, a Universidade de Oxford lançou um programa de R$ 41 milhões para pesquisas de novos tratamentos com a substância. No Brasil, a Anvisa autorizou, no fim de 2016, a prescrição de medicamentos a base de canabidiol e THC e, no começo de 2017, aprovou o registro do primeiro medicamento à base de maconha.

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