Preso por estupro é liberado após adolescente confessar ter mentido
Uma falsa denúncia foi responsável pela prisão por estupro de um homem inocente no Amazonas. Acusado de abusar uma garota de 12 anos, o cozinheiro Francismar Videira, de 40 anos, permaneceu na cadeia durante quatro dias, mas foi liberado após a suposta vítima ter confessado que mentiu no depoimento em que anunciou o estupro. Segundo Juliana Tuma, delegada da Delegacia Especializada em Proteção a Criança e ao Adolescente (Depca), a garota forjou a história da violência sexual para “justificar” aos pais o fato de ter chegado tarde em casa. “Na verdade, ela estava com um namorado de 15 anos que havia conhecido na internet. Não tinha acontecido estupro nenhum, segundo ela”, informou Juliana. As autoridades foram avisadas da mentira pelos próprios pais da menina, após eles desconfiarem da versão contada por ela.
Francismar, a verdadeira vítima, contou à Rede Globo Amazônica que enfrentou momentos constrangedores diante da injustiça. “Sou um homem trabalhador que desde os 12 anos trabalha para ajudar a mãe e a família. Aí você acorda à 1h pensando que aquilo era um pesadelo, que acabaria na manhã seguinte, mas continuou”, comentou. Apesar de ter pretensões em fazer uma denúncia contra o estado pelo ocorrido, ele optou por perdoar os envolvidos no caso. “A minha cabeça ainda não voltou ao normal. Ainda vem muitas coisas que ouvi na delegacia e da família, mas eu os perdoo. Perdoo porque a verdade veio à tona e agora estou com a minha família e feliz”, disse aliviado.
À família, a garota contou a sua versão. Segundo ela, um homem a abordou no caminho da escola, de manhã cedo, puxou-a pelos cabelos e, junto com um amigo com quem bebia, o suposto agressor teria levado a criança a uma casa, onde ela teria permanecido por 6 horas e sido abusada sexualmente. Logo depois disso, ela contou que o “estuprador” a conduziu em um carro até uma rua próxima de onde ela mora. Após ouvir o relato, os parentes acionaram a polícia, que foi levada pela menina até a casa de Francismar, local no qual o crime teria acontecido e onde ele acabou preso.
André Duarte, advogado do cozinheiro vítima da farsa, explicou que o carro citado pela jovem é diferente do carro de Videira. Advogado e cliente ainda tentaram provar a inocência a partir de imagens de um posto de gasolina, mas não adiantou. “Fomos para a delegacia, levamos a verdade do que aconteceu naquele dia e as pessoas que estavam com ele. Isto foi ignorado e ninguém foi ouvido na polícia”, pontuou Duarte.
Além de todo o transtorno psicológico, a vítima do golpe teve prejuízos financeiros, pois pessoas revoltadas com a história depredaram o seu carro. À frente do caso, Juliana afirmou que a menoridade da criança não vai tirar dela a responsabilidade do crime. “Não é porque esta menina não tem 18 anos que não será responsabilizada por este ato infracional análogo ao crime de denunciação caluniosa”, concluiu a delegada.