Mulher tatua de graça cicatrizes de vítimas de agressão
A tatuadora paulista Ka Montenegro cobre cicatrizes de mulheres agredidas por seus parceiros e de vítimas de ataques homofóbicos sem cobrar nada por isso. Ela foi inspirada pelo projeto de outra tatuadora do Sul do Brasil que cobria cicatrizes de mulheres vítimas de agressão de parceiros, mas percebeu que esse problema não é exclusivo desse grupo.
“Um amigo cedeu um espaço para que eu divulgasse o projeto e, conversando com o público, escutei histórias de agressões que eles haviam sofrido. Então percebi que não eram só mulheres que precisavam de ajuda. Existem outras minorias que também precisam de apoio para denunciar, porque, infelizmente, na sociedade o preconceito ainda é visto como algo normal, e não é para ser normal”, contou Ka ao site Estadão.
Foi essa percepção que fez a tatuadora incluir pessoas LGBTQ+ na iniciativa e agora cobre cicatrizes de agressões homofóbicas com tatuagens gratuitamente. Os interessados fazem contato com a tatuadora pela sua página do Facebook. “A pessoa me envia foto da cicatriz e juntos decidimos o que cobre melhor”, explica. Seu estúdio se chama Sete Três Tattoo & Piercing e fica em Cotia, na Grande São Paulo.
Além de oferecer as tatuagens, Ka também busca incentivar as vítimas a denunciarem os agressores para a polícia. Sua ideia é promover denúncias, pois os registros dessas ocorrências quase não acontecem. “Então peço que me apresentem o Boletim de Ocorrência, mas não leio, apenas confiro a parte superior onde consta ‘agressão’. A pessoa não é obrigada a me contar o que aconteceu, faço tudo para que seja da forma mais aconchegante e segura possível”, explica a tatuadora.
Entretanto, Ka disse que, durante as sessões de tatuagem, as vítimas acabam falando sobre suas histórias por se sentirem à vontade graças à ajuda dela. “Infelizmente, não posso fazer nada além de cobrir as cicatrizes, mas seria pior se eu não pudesse fazer nada. Fico feliz de poder ajudar, mesmo que pouco, mas ajudar de verdade quem realmente precisa”.