“Mulher sem fome” pode deter chave contra obesidade
Abby Solomon sofre de uma condição genética rara chamada síndrome progeroide neonatal. Isso significa que a garota não sente fome e que sua aparência sofre com um envelhecimento muito mais acelerado. Essa mutação destrói a camada de gordura debaixo da pele e interfere na habilidade do corpo de produzir asprosina, hormônio regulador do açúcar no sangue. Apesar das dificuldades do dia a dia, a condição de Abby pode ajudar pesquisadores a estudarem formas de lutar contra obesidade e diabetes.
Abby tem 21 anos e é uma das poucas pessoas com síndrome progeroide a chegarem à idade adulta. Pessoas que sofrem dessas condições não têm apetite nem sentem fome, por isso, têm um risco muito alto de sofrer hipoglicemia e desmaios constantes. Porém, médicos acreditam que o corpo de Abby possua respostas para o tratamento de milhões de pessoas que sofrem com doenças de excesso de glucose no sangue.
Observando as condições da paciente, cientistas são capazes de ver a maneira como a deficiência de hormônios afeta uma pessoa viva, de seus pensamentos ao funcionamento corporal. Há alguns anos, ela passou um dia dentro de uma câmara metabólica para que tudo que ela respirava e comia fosse medido. Os resultados mostraram o consumo de apenas metade das calorias indicadas para mulheres na idade dela, bem como o gasto de energia, também reduzido à metade.
Ao convidar Abby para uma visita ao seu laboratório, o doutor Atul Chopra percebeu que ela precisava comer pequenas quantidades de açúcar durante todo o dia para se manter viva, pois o corpo perdia toda a glucose constantemente. Essa ideia fez com a equipe descobrisse o hormônio nomeado de asprosina, cuja deficiência faz com que o paciente esteja sempre prestes a morrer de fome. A ideia é desenvolver um componente artificial que bloqueie essa substância e, assim, possa ser usado como tratamento para obesidade. Essa teoria já foi testada em ratos e o resultado foi positivo.
De acordo com o jornal norte-americano The New York Times, ainda que Abby Soloman detenha algumas respostas nesse sentido, ela necessita de tratamento exatamente oposto: de reposição constante da asprosina. No entanto, segundo o jornal, apesar de haver tentativas de médicos nesse sentido, a própria paciente rejeita tratamento do gênero, uma vez que a reposição teria que ser feita várias vezes por dia, provocando um sofrimento pelo qual ela não se diz disposta a enfrentar.