Homem compra terreno e o transforma em floresta de 50 mil árvores

Facebook Tuamata/Reprodução

Antônio Vicente foi criado em uma família de agricultores. Quando criança, viu todas as terras na região onde cresceu serem desmatadas para dar lugar à pastagens e para a produção de carvão. Como consequência, viu a água da região secar. E começou a se preocupar: se a população e o desmatamento crescem em proporções cada vez maiores, acabaremos sem água. Então, 44 anos atrás, Vicente começou a criar, sozinho, uma nova floresta.

Na época, Vicente tinha 40 anos. Tinha trabalhado como ferreiro desde os 14 anos, quando saiu do campo e foi para a cidade. Em 1973, vendeu o negócio; com o dinheiro, adquiriu um terreno de 30 hectares em São Francisco Xavier, um distrito do município de São José dos Campos, no interior de São Paulo. O governo militar concedia benefícios aos compradores de terra, para beneficiar a agricultura. Vicente, porém, deu uso exatamente oposto ao terreno.

Passou a plantar as árvores, uma a uma. Ao programa Outlook, da BBC, que contou sua história, Vicente disse que as pessoas debochavam de seu projeto, afirmando que ele nunca poderia comer as frutas das árvores que estava plantando. “Alguém plantou as sementes que estou comendo agora. Vou plantá-las para que outros possam comê-las”, era a sua resposta.

Vicente hoje está prestes a completar 84 anos – com seu sonho realizado. Uma foto na parede de casa serve de lembrança da época em que sua terra era uma grande pastagem; hoje, é uma floresta úmida tropical, com cerca de 50 mil árvores. Os animais reapareceram, entre as mais variadas aves, pacas, esquilos, lagartos, gambás, javalis e até jaguatiricas. Onde antes havia apenas uma fonte de água, hoje conta com vinte.

Infelizmente, a luta de Vicente pela preservação ambiental na região, que compõe a Mata Atlântica, é um tanto inglória. Enquanto ele reflorestava suas terras, 183 mil hectares foram desmatados no estado de São Paulo – que hoje tem apenas 14% de seu território coberto pela Mata. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o período entre agosto de 2015 e julho de 2016 apresentou o maior nível de desmatamento desde 2008, com a perda de 8 mil hectares de floresta.

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