Ex-homem mais gordo do mundo muda de vida ao mais de perder 220kg

Juan Pedro/Arquivo Pessoal

Considerado o homem mais pesado do mundo pelo Guinness Book, o livro dos recordes, o mexicano Juan Pedro Franco mudou radicalmente de estilo de vida. Com 33 anos de idade, em 2016, ele chegou a pesar 595kg, o que atrapalhava muitos dos seus movimentos, e, inclusive, o fazia respirar como auxílio de um cilindro de oxigênio e o impedia de ficar em pé e andar sozinho. Em 2017, porém, tudo mudou. Juan se submeteu a um tratamento que reduziu em 220kg o seu peso, e, através de cirurgia, o seu estômago diminuiu 80% do tamanho. De acordo com os médicos que ficaram responsáveis pelo caso, além da dieta inadequada, problemas na tireoide do mexicano o conduziram àquele grau de obesidade. A qualidade de vida já teve uma melhora considerável, pois agora até exercícios físicos ele consegue praticar.

Os procedimentos não param por aí. O recordista enfrentará nos próximos dias a cirurgia chamada de bypass gástrico, que consiste numa operação que grampeia o estômago e o intestino, fazendo com que menos alimentos sejam digeridos. Isso gera uma sensação de saciedade e faz com que a pessoa coma menos. A equipe médica espera que depois dessa etapa cirúrgica Juan atinja um peso saudável. Em entrevista à BBC, ele relembra a infância. “Minha vida de criança era de brincadeiras, de jogar futebol com meus amigos, de ficar na rua. Era muito divertida, mas era uma infância normal entre aspas, porque desde pequeno eu já era obeso”, conta ele, que nasceu com 3,5kg (peso normal), mas, ao longo dos anos, engordou desproporcional e drasticamente. “Disseram à minha mãe que o ganho de peso ia parar, mas não foi assim”, disse.

Juan Pedro/Arquivo Pessoal

Até os seis anos, o pequeno garoto ganhava cerca de 10 kg por ano, e, aos 15 anos, ele já estava pesando 200 kg, idade com a qual já trabalhava e tinha abandonado a escola. “Não terminei os estudos por causa do bullying, por causa de tudo o que me diziam e me faziam. Todos os dias me falaram ‘como quer ser chamado hoje?’ Tive que sair”, comenta. Cheio de sonhos, Juan se identificava com os gostos do avô e queria ser mecânico ou motorista, além de nunca esconder a sua paixão pela música e por instrumentos musicais. Até os 17 anos, ele levou uma vida razoável, apesar da obesidade. As coisas se transformaram em um problema realmente grave depois que ele sofreu um acidente de carro e passou mais de um ano de cama. Isso fez o seu peso aumentar muito rapidamente.

Com a saúde debilitada, o jovem acabou contraindo outras doenças, como hipertensão, diabetes, hipotireoidismo e uma pneumonia forte que o deixou em coma e o tornou dependente de um cilindro de oxigênio para respirar. Atualmente, como forma de distração, Juan tece cachecóis e vende doces na porta de casa, atividades que funcionam como um suporte na luta contra a ansiedade. O pai, Hermínio, e a mãe, Maria, dedicam-se integralmente ao cuidado do filho, inclusive deixando de trabalhar. Eles vivem com o dinheiro da aposentadoria de Hermínio. Por fim, um outro membro da família de extrema importância é o cachorro Barbas. “Quando estou mal, ele me desperta. É como se fosse meu alarme. Além disso, é meu guarda-costas”, ressalta Juan.

Juan Pedro/Arquivo Pessoal

Sempre de bom-humor, no decorrer da entrevista, ele mudou de postura ao falar sobre preconceito. “É ruim dizer isto, porque não deveria ser assim, mas aprendi a viver com a discriminação, porque é algo que se repete”, lamenta. Apesar das dores do passado, Juan só quer saber do futuro. Depois da primeira cirurgia, ele virou uma pessoa muito ativa. Todos os dias toca seu violão, tece cachecóis e ajuda o pai e a mãe a embrulhar os doces comercializados. À medida que se recupera, ele também faz exercícios físicos para facilitar sua mobilidade. Muito grato à família, ele espera, em breve, voltar a ter uma vida normal, com um peso saudável, e cuidar da sua mãe, que já tem 64 anos, para retribuir tudo o que ela fez pela sua saúde. Além disso, também sonha em voltar a caminhar, trabalhar e cantar num coral.

Sobre o nome no livro dos recordes, o jovem comenta: “Estou agradecido por terem me notado, mas não sinto orgulho. Se fosse por outra coisa… Mas até isso me faz lembrar do meu compromisso comigo e com outras pessoas para que eu continue sabendo que posso. Nada está perdido, nada acabou até que chegue o fim”, finaliza com alegria.

Juan Pedro/Arquivo Pessoal

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