Descoberta proteína capaz de deter proliferação de vírus no corpo humano
Uma proteína conhecida como Hira pode ser o grande achado capaz de retardar o desenvolvimento de todos os tipos de vírus. A descoberta foi feita “por acaso”, em uma parceria da Universidade do Oeste da Escócia com cientistas da Universidade Glasgow. Os especialistas observavam a eficiência da Hira sobre era sobre o câncer quando perceberam que ela também pode ajudar no combate de infecções. Agora, o grande desafio é entender seu funcionamento. A partir daí, estudos em laboratório poderão transformá-la em tratamento para doenças provenientes de virus, como gripe e até mesmo a Aids. Os resultados foram publicados na última edição do periódico Nucleic Acids Research.
Um dos cientistas engajados no estudo, Taranjit Singh Rai, explicou que – quando se quer estudar sobre o câncer – é preciso usar vírus para entregar a mutação dentro das células. “Sempre que usávamos os vírus, a proteína (hira) se mudava para um lugar novo, o que me fez pensar que talvez eles tivesse alguma relação. Mas como eu estava em um projeto sobre o câncer, não foquei nisso”, contou em entrevista à BBC.
Depois que sua investigação terminou, Singh não deixou de lado a proteína que o intrigou. O cientista e sua equipe descobriu que a Hira desempenha um papel fundamental na defesa do organismo contra infecções virais. Em laboratório, desabilitaram o gene responsável pela produção da proteína em camundongos e os animais mutantes se tornaram mais suscetíveis a infecções. Neste caso, o vírus testado foi o da herpes e os bichos ficaram mais propensos a contraí-lo.
Foi verificado, também, que a Hira está presente naturalmente em todas as células do nosso corpo. Inclusive, com o avanço da idade, a concentração aumenta. Isso, segundo os especialistas, sugere que ela também desempenha um papel importante no envelhecimento. Rai acredita que o próximo passo as companhias farmacêuticas seja descobrir como aumentar os níveis desta proteína. Afinal, quanto mais, melhor a eficiência no combate aos vírus. No momento, o grupo investe em pesquisas da proteína combatendo duas doenças específicas: a gripe comum (influenza) e sífilis (muitas vezes decorrente do vírus do HIV). Para avanços acontecerem, eles precisam entender como as doenças operam “sequestrando” a maquinaria celular do corpo. Até lá, um longo campo de pesquisa precisa ser desbravado.