Derrota por 7×1 contribuiu para desaprovação do governo de Dilma

Wikimedia/Reprodução

Os economistas Eduardo Zilberman e Carlos Carvalho (Banco Central) acreditam que o 7×1 histórico na Copa do Mundo teve uma influência direta na economia e no Congresso. Para eles, o resultado do fracasso do Brasil ficou refletido nas urnas e no primeiro turno apertado, bem como no processo que levou ao impeachment da então presidenta Dilma Rousseff. Eles cruzaram os dados e datas dos eventos da última eleição presidencial com o movimento da bolsa de valores e perceberam que o impacto sofrido após a derrota para a Alemanha foi muito semelhante ao que se viu nas urnas.

Os investidores anteciparam o enfraquecimento futuro de Dilma e o fortalecimento da oposição, o que prejudicou as ações. Eles analisaram, então, que a performance da seleção brasileira de futebol foi um também choque político. “A nossa hipótese é que já existia uma insatisfação latente com o governo, que o 7×1 fez aflorar, e o mercado financeiro percebeu isso”, disse Zilberman ao jornal Folha de São Paulo. Para ele, as manifestações de junho de 2013 e o início da queda econômica foram potencializados pelo resultado do jogo.

Essa conexão entre esporte e política não é única do Brasil. Pesquisadores dos Estados Unidos já observaram que a vitória de times de futebol americano locais pouco antes da eleição fortalece o atual incumbente nas urnas. Em caso de derrota, os eleitores acabavam punindo o governante, tendendo a votar contra ele. Carvalho e Zilberman defendem que houve uma dinâmica semelhante com Dilma em 2014; mesmo ela tendo vencido as eleições, a margem foi muito apertada, mais do que as pesquisas apontavam. Para eles, isso aconteceu porque o 7×1 na Copa acabou fortalecendo as frustrações de um público que já estava insatisfeito com a política e a economia.

Os economistas acreditam que, se o Brasil tivesse virado o jogo, Dilma teria ganhado as eleições com uma vantagem muito maior ou, se por acaso a derrota fosse com um placar mais próximo, como 2×1, não haveria um choque tão grande e os efeitos na disputa política seriam menores. A reportagem de Fernanda Perrin faz a alusão ainda ao fato de que Dilma teria começado o seu mandato com um “cartão amarelo”, por conta do resultado da seleção em campo, tendo sido retirada do cargo no advento de um segundo cartão, reproduzido na forma do impeachment…

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