Físico nordestino em Harvard trata dores usando “luz”
Aliviar dores com a luz. Essa é a função do dispositivo criado pelo físico cearense Marcelos Pires Sousa, o Light-Aid, originado em sua tese de doutorado, em que buscou entender as vias da dor e as interações entre fótons (partículas de luz) e células do tecido neural. O pequeno aparelho emite um feixe de laser que, ao interagir com as células, evita a propagação da dor. A criação de Marcelo tem o formato de um curativo e cabe facilmente em bolsas. A técnica utilizada se enquadra no ramo da fotomedicina, que usa irradiações luminosas em tratamentos.
Os primeiros testes, realizados em 2014 pela USP, já demonstraram eficácia. Inicialmente, os feixes eram aplicados na região cerebral do córtex somestésico, onde as informações sobre a dor são processadas. Nesses testes iniciais, a sensação de dor foi reduzida em até quatro vezes, com efeito anestésico durante aproximadamente seis horas. Hoje, novos dispositivos e testes vêm sendo realizados. Eles se encontram em processo de avaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo Marcelo, cada tipo de dor ou cicatrização precisa que se estimule um conjunto especifico de células, além de uma quantidade precisa de luz.
O físico está criando protocolos terapêuticos junto a médicos brasileiros e da universidade Harvard. Em testes feitos na Escola de Enfermagem da USP, já se percebeu que o tratamento é capaz de curar aftas imediatamente. Um dos usos do pequeno dispositivo que se pretende ter é na área da obstetrícia, auxiliando nas dores pós-parto.
“É como se fosse uma farmácia de de manipulação em que a luz deve ser ajustada para cada pessoa dependendo da prescrição médica”, afirmou o cearense em entrevista ao portal de notícias UOL. A ideia é ir além e desenvolver dispositivos que possam agir sobre doenças como Alzheimer e Parkinson. Para isso, ele está realizando uma pesquisa nos Estados Unidos sobre pacientes específicos dessas duas doenças.