Cura de HIV em macacos gera nova terapia em humanos
A eficiente proteção do organismo de macacos infectados com uma versão do vírus HIV por quase dois anos pode ser uma nova esperança na cura e tratamento da Aids em humanos. De acordo com pesquisadores do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas e da Universidade Emory de Medicina, uma nova terapia, envolvendo uma combinação de drogas, protegeu os animais mesmo depois deles deixarem de receber tratamentos – o que pode vir a significar grandes avanços no controle da infecção entre seres humanos. A terapia não é uma vacina, uma vez que não faz o corpo defender-se contra o vírus, mas ajuda o sistema imunológico após a infecção, atingindo as células brancas do sangue – afetadas pelo HIV.
Os macacos rhesus receberam a terapia após a infecção e, em quatro semanas, quase nenhum vírus da imunodeficiência símia (SIV) foi encontrado nos tecidos sanguíneos ou gastrointestinais. Em dois anos, os organismos dos animais eram considerados saudáveis. O tratamento com drogas padrão de HIV, conhecido como terapia antirretroviral, combina-as com um anticorpo experimental com o mesmo objetivo de medicamentos existentes para combater doenças inflamatórias do intestino, como doença de Crohn e colite ulcerativa.
Um estudo piloto do efeito dessa droga, chamada Vedolizumab, em pacientes humanos infectados pelo HIV já começou nos Estados Unidos. “Temos boas razões para acreditar que a terapia funcionará de forma semelhante em seres humanos. Seria um avanço para o futuro”, disse Lutz Walter, do Primate Centro Alemão (DPZ) do Instituto Leibniz de Pesquisa de Primatas em Göttingen, ao jornal britânico Independent.
A questão é que quando o HIV infecta a pessoa, passa a atacar um tipo específico de células que se reúnem no intestino e a terapia se coloca na função de contrariar esse efeito e provocar o que os cientistas já consideram uma “cura funcional”. “O regime de tratamento experimental parece ter dado o sistema imunológico dos macacos o impulso necessário para colocar o vírus em remissão sustentada”, disse o Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIH), que coliderou o estudo.
De acordo com o autor sênior do estudo, Professor Aftab Ansari, da Emory University School of Medicine e Yerkes National Primate Research Center, nos Estados Unidos, oito macacos inicialmente receberam as drogas retrovirais com a variante Vedolizumab. Seis sofreram um aumento dos níveis virais – o que foi controlado dentro de quatro semanas e dois não tiveram ressurgimento da infecção. “O anticorpo parece ter ajudado a todo o sistema imunológico se reconstruir”, explica.