“Mães de anjos” mostra que há alegria na microcefalia
Um dos assuntos mais debatidos desde 2015, a epidemia da microcefalia ganhou os veículos de comunicação frequentemente, nos jornais e nas TVs, tendo 2.094 casos notificados em Pernambuco – 376 deles, já confirmados, até agosto de 2016. Boa parte do noticiário é feito assim. Em números. Estatísticas e depoimentos médicos que completam o cenário ainda lentamente em descoberta de um dos surtos mais preocupantes do século 21, no Brasil, tendo o estado nordestino como epicentro.
Para subverter o imaginário de desespero e provações carregadas junto ao diagnóstico, o projeto experimental Mães de Anjos surgiu como uma provocação das jornalistas Alexia Andrade, Eduarda do Vale e Victoria Arruda. “Buscando uma abordagem mais humana e que se distanciasse do conceito ‘médico’ da questão, queríamos mostrar que a microcefalia não era somente uma estatística, mas tinha rosto, nome e endereço. Mais do que isso, que as crianças atingidas pela malformação não estavam sozinhas, mas que existiam pessoas, mães, que faziam de tudo para que sua qualidade de vida melhorasse a cada dia”.
A ideia era produzir um material que mostrasse as mães humanamente como elas são, com alegrias e tristezas, simplicidade e dificuldades, mas principalmente um espaço onde elas poderiam desabafar como em uma conversa informal, e contar experiências de serem mães de crianças microcéfalas, visando a redução de situações de discriminação e rejeição.