Ensaio com uso de infravermelho revela lado desconhecido da “zona proibida” de Chernobyl
Mais de trinta anos após o acidente nuclear ocorrido na Usina de Chernobyl, na Ucrânia, até então sob domínio da extinta União Soviética, novas imagens feitas com equipamento infravermelho pelo fotógrafo bielorrusso Vladimir Migutin mostram que, mesmo após três décadas, o local ainda mantém aparência inóspita e melancólica. O equipamento utilizado para a captura das imagens, uma câmera de espectro completo com filtro infravermelho com lente 590mm, foi responsável por dar o aspecto incômodo às fotografias.
Migutin nasceu no mesmo ano da tragédia, 1986, e cresceu com a vontade de conhecer Chernobyl de perto. Antes de viajar até lá para conseguir as imagens, o fotógrafo coletou informações na internet e montou um passo-a-passo para adquirir uma licença para visitar o local. Ele encontrou um instrutor e um grupo que planejava fazer a mesma viagem e constatou que os perigos que enfrentaria não eram tão grandes quanto pensava. “Não visitamos lugares de acesso proibido, onde os níveis de radiação são letais. Na realidade, o nível médio de radiação durante esta viagem foi semelhante ao de um voo de 10 mil metros”, explicou Migutin ao site Bored Panda.
Ainda segundo ele, é muito difícil descrever o aspecto da atmosfera, mas é como se estivesse em um tipo de paraíso. “Sempre ouvimos elogios sobre o poder da mãe natureza. Enquanto os homens estão afastados, as florestas e os animais estão prosperando novamente”, explica. Entre as imagens capturadas pelo fotógrafo, a que mais se destaca é uma raposa que parece ter saído de um filme de terror. Entretanto, segundo ele, o animal parecia ser bem simpático e seguia a comitiva à procura de comida. Há também registros da vegetação, borboletas, lagos, monumentos, vilarejos evacuados e da icônica roda-gigante.
Ocorrido em 26 de abril de 1986, o acidente nuclear de Chernobyl consistiu numa explosão que lançou grandes quantidades de partículas radioativas na atmosfera. Estimativas de entidades ucranianas apontam que quase 10 mil pessoas morreram ou morrerão em consequência do acidente, uma vez que, entre outros problemas, a radioatividade pode facilitar o aparecimento de câncer em pessoas contaminadas.