Ao saber de planos de família em fazer ceia antecipada antes que menino com tumor no cérebro, Saint George, em Ontário (Canadá) fez mais do que qualquer criança poderia sonhar
Com pouco mais de 3 mil habitantes, a cidade de Saint George é um recanto do mundo como nenhum outro. E não é pelos lagos, comuns no estado de Ontário, no Canadá. Evan Wellwood teria tudo para ser apenas mais um garoto de 7 anos a habitar este mundo e, no entanto, foi a razão pela qual uma população inteira se juntou para “antecipar o Natal” em dois meses. Evan teve os dias contados pelos médicos. O tumor em seu cérebro, que crescia junto a seu pequeno corpo, ditava que as próximas datas seriam suas últimas. Não é o tipo de marcação que mãe alguma gostaria de fazer num calendário. E, ainda assim, Nicole Wellwood percebeu: seu filho não chegaria ao próximo Natal, época do ano que ele tanto gostava. Era uma tarde de outubro de 2015, quando decidiu marcar a ceia de Natal da família.
Nos últimos anos, a rotina de hospitais e incertezas que se fizeram escola e brincadeira de Evan comoveram a prima de Nicole, Shelly. Lhe pareceu injusto que, em se tratando de um Natal de despedidas, Evan se contentasse com uma celebração limitada a quatro paredes. Fez panfletos, bateu perna, pediu ajuda a comerciantes. Seria possível que eles antecipassem a colocação das luzes natalinas para que Evan pudesse passear de carro na comunidade? A proposta e pergunta foi postada
na internet por um dos tais comerciantes. Era dia 18 de outubro. Em seis dias, para celebrar o Natal de véspera, dia 24, como manda o figurino, até o Corpo de Bombeiros foi envolvido. Luzes, renas, enfeites de porta… A cidade trajou-se de Noel. Nas janelas, escreveram o nome do menino.
No “Natal de Saint George”, não apenas a população da cidade compareceu. Cerca de 7,5 mil pessoas estavam no local. Carros, caminhões… Não seria Natal, de verdade, sem um desfile, tão tradicional na América do Norte. Não seria Natal sem inúmeros carros acesos, com pessoas acenando, à espera do Papai Noel. E Saint George estava em busca de um Natal. Nos veículos, Minions, Bob Esponja e cavalos – a “tríade” do garoto. Na noite do dia 24 de outubro, Evan Wellwood passeou por uma cidade natalina. Pulou da janela do carro, acenou para centenas de pessoas num desfile feito em seu nome e, por fim, não conseguiu desmontar o sorriso quando sentou no colo de um bom velhinho, em vermelho e branco, da própria cidade – e ele não precisava saber disso. Na verdade, não precisava de mais nada.
E, ainda assim, recebeu muito mais. Pelos Correios, começaram a chegar presentes. Brinquedos aos montes. De CEPs que nem seus pais conheciam. Evan, o menino que antecipou o Natal, emocionou o mundo. Os presentes foram divididos com os dois irmãos, Logan (9) e Tyson (5) e com tantos outras crianças da comunidade. Antes que dezembro trouxesse sua carga de reflexões e impusesse uma nova onda de solidariedade, Evan deixou de comer. Peru, chocolate, rabanadas, nada. Em alguns dias, deixou de beber água. Em tão pouco tempo, dormia por tantas horas que teve dia que sequer acordou. Passou direto, respiração fraca.
Nicole olhou o calendário. Domingo, 6 de dezembro. Ficou ao lado de sua pequena cama. “Eu o abracei. Pus nos meus braços. Ele respirou fundo – e eu soube, naquele momento, que seria pela última vez”, postou no
Facebook, como um último agradecimento. “Meu filho testemunhou um milagre. Testemunhou um mundo bonio e cheio de amor e compaixão. Ele celebrou um Natal como nenhum outro e completou muito mais que sua lista de desejos. Evan, agora sei que você está brincando e livre do câncer. Você foi meu milagre, meu herói e sempre será minha inspiração”, concluiu a mulher cujo filho deu novo sentido ao desejo de um feliz Natal…