Travesti negra obtém título de doutora em universidade

UFPR/Reprodução

Megg Rayara Gomes de Oliveira é a primeira travesti negra a conseguir o título de doutora na Universidade Federal do Paraná. Megg, que é professora substituta de Didática na UFPR desde o início de 2017, obteve o título com uma tese baseada na trajetória de quatro negros homossexuais. O estudo feito por ela discute racismo e homofobia como dispositivos de poder e analisa a maneira como esses professores conseguiram se afirmar na carreira docente.

A tese de Megg foi intitulada “O diabo em forma de gente: (r)existências de gays afeminados, viados e bichas pretas na educação” e lotou o auditório com alunos, professores, amigos e militantes dos movimentos negro e LGBT. Um dos irmãos de Megg foi até a UFPR de Cianorte para apoiar a conquista da irmã. “É um orgulho muito grande ver alguém que saiu de um berço humilde e enfrentou tantas dificuldades chegar até aqui”, disse ao portal da universidade.

Ela dedicou trechos da tese ao relato de sua experiência, desde o momento ainda criança quando descobriu sua identidade feminina até chegar ao ensino superior. “Minha pesquisa nasceu de uma inquietação pessoal, compartilhada por vários sujeitos que, assim como eu, se movem em busca de ocupação de espaços, seja na escola, no movimento social, e/ou na ação intelectual”, conta.

O estudo questionou “porque uma bicha preta decide se aventurar pela carreira docente”. Segundo Megg, retornar à escola representa um acerto de contas com o passado e uma forma de empoderamento. “A bicha preta migra dos cantos escuros da escola, do fundo da sala de aula para a mesa da professora”, disse no texto.

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