Presos aprendem programação e deixam vida de crime
Presos da Califórnia estão recebendo aulas de programação para se capacitar ao mercado e poder ensinar outros detentos. A ideia surgiu após o casal Chris e Beverly Parenti visitar a prisão de Saint Quentin e perceber o espírito empreendedor de quem estava ali. “Muitos queriam começar um negócio, aprender a investir, entender o que estava acontecendo no mundo real”, explicou Chris em entrevista ao canal norte-americano CNBC. Além disso, os dois perceberam que boa parte do dinheiro utilizado para manter os prisioneiros era gasto mais de uma vez, já que muitos dos que saiam da cadeia terminavam cometendo outros crimes e voltando para lá.
O projeto foi batizado como “The Last Mile” (a última milha, em tradução literal) e em poucos meses saiu do papel. Hoje, com equipe de quase 20 pessoas, está em quatro instituições do estado norte-americano e só tem pretensão de crescer. A prisão de Saint Quentin, casa da primeira parte do projeto, chegou a ser visitada pelo criador do Facebook, Mark Zuckerberg, que elogiou o projeto.
O custo anual do programa é de US$ 200 mil (equivalente a R$ 600 mil). De dezembro de 2014 até junho de 2017, 20 homens se graduaram em programação. Nenhum deles foi preso novamente. Um dos graduados foi Kenyatta Leal, que passou 19 anos encarcerado. Além do aprendizado na área de programação, Kenyatta conquistou um diploma na Faculdade de Artes Liberais dos Estados Unidos ainda dentro da prisão. Quando ganhou liberdade, encontrou um emprego na empresa de tecnologia RocketSpace. “Comecei fazendo trabalho braçal, pegando tudo o que aparecia lá dentro. Depois de um tempo fui evoluindo, até chegar a uma posição de gerência. Hoje eu trabalho para dar oportunidade a outros ex-detentos aqui”, explicou Kenyatta.
Hoje, a população carcerária dos Estados Unidos é a maior do mundo, com mais de 2 milhões de pessoas presas, segundo o Centro Internacional de Estudos Penitenciários. O Brasil ocupa o quarto lugar na lista, com cerca de 600 mil pessoas, atrás apenas de China e Rússia. Quando analisamos o número de presos por cada cem mil habitantes, os Estados Unidos continuam na primeira colocação, com 716 pessoas. O Brasil desce para a quinta, com 274.