Pernambuco é 10º maior mercado de chocolates do país, mas é o que menos gasta com doce
Apesar de famosa, guloseima não tem tanta vez junto aos pernambucanos, cujo mercado está entre os maiores, mas consumo previsto é o mais baixo do país
Ainda que não incorpore o chocolate em sua tradição gastronômica, Pernambuco não é diferente do restante do Brasil – e o país, de modo geral, é um apaixonado pela guloseima. No entanto, um dado levantado pelo IPC Marketing, sobre o potencial de consumo, chama a atenção: entre todos os estados, Pernambuco é o último colocado no ranking de gastos previstos para o ano de 2016. O pernambucano deve gastar, em média, R$ 5,24 com chocolates este ano, frente os R$ 26,26 do primeiro colocado, o Rio Grande do Sul. A mesma pesquisa, por outro lado, mensura o mercado local como o 11º maior do país, com capacidade para movimentar até R$ 50 milhões no período. “Isso tem a ver com a renda e com a questão climática. A prioridade de consumo da população é com necessidades básicas”, explica o diretor da IPC Marketing, Marcos Pazzini.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), o Brasil é o terceiro maior produtor e consumidor do alimento no mundo. É por isso que os fabricantes estão confiantes em manter a produção de 20 mil toneladas na Páscoa deste ano, que, ainda segundo dados da Abicab, gerou 29 mil empregos entre colaboradores nas fábricas e promotores de vendas – 2,5 mil a mais do que em 2015.
Você sabia que:
-748 mil toneladas de chocolate são produzidas por ano. Isso equivale a 650 estátuas do Cristo Redentor.
-Cada pessoa consome, em média, 2,5kg de chocolate por ano, o mesmo que 15 barras.
A razão para que o número de trabalhadores envolvidos nos negócios da Semana Santa cresça é curiosa. “Esse aumento se deve principalmente ao mercado em queda, que estimulou as empresas a investirem mais nos pontos de venda. Há mais promotores, tanto nas lojas especializadas quanto nos supermercados”, explica o vice-presidente de chocolate da Abicab, Ubiracy Fonseca.
Dentre as muitas histórias que descrevem a origem do chocolate, a mais aceita é a de que ele é uma invenção asteca, apelidada pelos supostos inventores de “bebida dos deuses”. Com a chegada do cacau na Europa e a posterior inclusão do leite, pelos suíços, estava pronto o chocolate como conhecemos. Ou desconhecemos. A industrialização do chocolate tornou-lhe um produto tão diversificado e cheio de possibilidades que degustar todos os seus sabores passou a ser tarefa improvável. O proprietário da fábrica Faultless Chocolates Finos, Jorge Vasconcelos, explica que cada empresa desenvolve seu próprio brandy, isto é, o gosto que terá o chocolate. “Misturando as quantidades de vários tipos de chocolate – meio amargo, diet, branco, ao leite e 70% -, é possível criar sabores próprios. Sem falar nos corantes e essências. É um negócio de criatividade. Se você tiver, vai longe”, comenta ele, que desenvolve suas próprias fórmulas há 20 anos. Dentre elas, a do “ao leite”, o coração do chocolate. “Quer saber se uma fábrica entrega um bom chocolate? Peça o “ao leite”, porque é a base do produto. Se não for bom, nenhum outro será”, afirma.
E o ovo de Páscoa?
O ovo de páscoa foi desenvolvido na França, mas sua origem data de séculos antes. O ovo sempre foi elemento festivo em culturas na Europa e Ásia e eram pintados ou cozidos com ervas ou corantes para que tomassem forma do presente. A ação fundiu-se com tradições cristãs em 325 d.C, no Concílio de Niceia, depois que imagens de mulheres e coelhos, representando fertilidade, começaram a dar espaço a pinturas com Jesus e a Virgem Maria. Os espanhóis trouxeram a tradição às Américas, onde a cultura se fundiu com a gastronomia maia e asteca, dando origem aos ovos de chocolate.
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Consumo nordestino no país
Ceda ao prazer, mas sem exagero
Apesar de ser uma paixão nacional, o chocolate deve ser consumido com moderação pelas pessoas. Segundo a nutricionista Silvia Lobo, o ideal seria não comer a guloseima todos os dias, mas, no máximo, duas vezes por semana. “Para os chocólatras, que não conseguem abrir mão dele todos os dias, estão permitidas 25 gramas a cada 24 horas, que correspondem, em média, a 60 calorias”, comenta a especialista.
O cuidado se deve aos malefícios que a iguaria causa em excesso: “Dores de cabeça, abdômen distendido, aumento de algumas taxas e prejuízo às funções do fígado”. Ainda assim, a nutricionista diz que não é preciso abrir mão da Páscoa. “Faz parte da tradição. O que pode ser feito é fracionar os ovos. Não é preciso comer tudo no domingo. As quantias podem ser distribuídas na semana, em especial quando falamos das crianças”, recomenda.
Marília Parente
Repórter
Marília é estudante de comunicação da UFPE. Escreve para o Diario desde 2014, a maior parte do tempo para a editoria Vrum, de veículos. Integra a equipe de dados do jornal desde janeiro de 2016. Só gosta de chocolate quando está triste, quando está alegre ou no meio-termo. Apenas…
Brenda Alcântara
Fotógrafa
Brenda é estagiária de fotografia do Diario desde 2015. É viciada em chocolate, ainda que evite para manter a forma e a fama de má…