Estudo sobre morcegos-vampiros de Pernambuco ganha Prêmio IgNobel

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que encontrou vestígios de sangue humano na alimentação de um grupo de morcegos na cidade de Buíque, recebeu um prêmio internacional, bastante conhecido por seu humor. Trata-se do IgNobel, um primo descontraído do famoso prêmio sueco Nobel, que tem como filosofia “primeiro fazer rir e depois, pensar”.

O trabalho, publicado em dezembro de 2016, foi laureado na categoria Nutrição na premiação, que serve como uma paródia do Nobel, principal distinção mundial no campo das ciências. Segundo Enrico Bernard, líder da pesquisa, o grupo recebeu muito bem o prêmio. “Os cientistas geralmente são acusados de estarem distantes da realidade, de falarem outra língua. Esse prêmio é válido por conseguir ampliar a discussão sobre as pesquisas com um senso de humor muito apurado”, explicou. Ele diz que o grupo deu muita risada e levou na brincadeira, porque a ciência tem seu lado divertido.

Enrico conta que recebeu a notícia da vitória do prêmio em maio, mas teve que manter sigilo. O IgNobel teve sua primeira edição em 1991 e é entregue em uma cerimônia na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e geralmente conta também com a presença de vencedores do Nobel. Aliás, o físico holândes Andre Geim já conquistou tanto o IgNobel, em 2000, como o Nobel, em 2010. Outro trabalho de Pernambuco já foi indicado ao prêmio em 2004. Trata-se de um dicionário de fobias, escrito pelo designer e intérprete Igor Rafailov, em 2003.

A equipe da UFPE não pode comparecer a cerimônia, mas enviou um vídeo de agradecimento, em que aparecem usando dentaduras vampirescas. “A gente está tentando resolver algumas questões, como os impactos ambientais na caatinga. Se as pessoas entendem, mesmo de uma forma bem humorada, já é válido”, explica Enrico. Entre os prêmios vencedores, há uma descoberta japonesa de um inseto em que as fêmeas apresentam um pênis e os machos uma vagina.