Em momento de divisão política, discursos de Temer e Dilma são separados por conteúdo e público-alvo

Momentos distintos, mas com o país dividido de forma semelhante. Michel Temer e Dilma Rousseff fizeram discursos de posse da presidência da República com diferença de um ano e cinco meses e motivações bem distintas. Entre as palavras mais recorrentes do discurso do presidente em exercício, nesta quinta-feira, 12 de maio de 2016, estavam “país”, “todos”, “Brasil”, “Constituição” e “Poder” – palavras escolhidas pelo político do PMDB à frente da Nação durante o período de investigação da presidenta durante um prazo máximo de 180 dias. No primeiro dia de 2015, vitoriosa em uma apertada eleição no mês de outubro anterior, a petista se dirigia à Nação com palavras diferentes: “mais”, “Brasil”, “povo”, “país” e “brasileiros”.

Algumas questões chamam a atenção. Afastada em meio a denúncias de corrupção de seu partido, Dilma, em 2014, citou a palavra 10 vezes em seu discurso oficial de posse. Curiosamente, o vocábulo que foi grito recorrente de manifestações sociais que ganharam as ruas pedindo pelo impeachment que alçou Michel Temer à presidência em exercício não foi citado sequer uma vez em seu discurso. Também estiveram ausentes “cultura” e “mulher” – esta última, bastante notada por internautas, uma vez instaurada a polêmica de um presidente compor seu ministério sem a presença de nenhuma figura feminina desde o governo Geisel.

 

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Dilma Rousseff, 01/01/2015
Michel Temer, 12/05/2016

Na parte mais distante do gráfico, é possível visualizar que na mesma proporção em que foram repetidas palavras como “diálogo”, “crescimento”, “trabalhador” e “agricultura” no discurso do pemedebista em maio de 2016, em janeiro de 2015, Dilma proferia “democratizar”, “oportunidade”, “ambiental” e “justiça”.

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