Jovem com tatuagem “sou ladrão e vacilão” nega ter roubado bicicleta
O rapaz de 17 anos que teve a testa tatuada com “sou ladrão e vacilão” negou ter roubado a bicicleta de um deficiente físico, como foi alegado pelos dois homens que o torturaram. De acordo com a vítima, ele estava bêbado e esbarrou na bicicleta, que caiu.
A prisão preventiva do tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis, 27 anos, e o vizinho dele Ronildo Moreira de Araújo, 29 anos, foi decretada pela Vara Criminal de São Bernado do Campo. O adolescente declarou ao G1 que teve vontade de morrer quando viu a frase no espelho e começou a chorar.
Além da tatuagem na testa, o rapaz revelou que teve o cabelo cortado e os pés e as mãos amarrados pelos torturadores. “Eu comecei a puxar o cabelo para a frente para tentar esconder e eles então cortaram meu cabelo”, contou. O advogado da família disse que deve se reunir com todos para saber quais medida jurídicas deve tomar nos próximos dias, mas que no momento estão focando em cuidar do rapaz.
“Ele foi medicado, está assustado com o que passou. Muitas pessoas compartilharam a imagem dele fazendo julgamento sem conhecer os fatos. Ele não fez nada do que foi dito e espalhado na internet”, explicou o advogado Leonardo Rodrigues.
O jovem estava desaparecido desde 31 de maio e a família o reconheceu no vídeo gravado e divulgado em redes sociais pelos dois agressores, que foram presos em flagrante. Antes de desaparecer, o jovem chegou a passar por acompanhamento de conselheiros tutelares em atendimento no Centro de Apoio Psicossocial (Caps) de São Bernardo do Campo. Segundo informações da família, o rapaz era usuário de drogas e sofre de problemas mentais.
Vaquinha
Foi feita uma campanha na internet para arrecadar dinheiro para que a frase seja retirada da testa do menino. No dia 11 de junho de 2017, o total atingiu o objetivo de alcançar R$ 15 mil. Porém, o organizador da vaquinha está sofrendo ameaças e recebendo mensagens de ódio.
Segundo ele, muitos tatuadores são ligados a grupos de skinheads no ABC paulista. Ele também declarou que conhece a vítima desde os 8 anos. “No bairro que a gente mora tem pista de skate e ele ficava junto para tentar enturmar, mas já era evidente que ele tinha problemas psicológicos, já passou por clínicas e precisa de tratamento”, afirmou.
Algumas pessoas chegaram a emitir boletos falsos de R$ 20 mil para outros participantes acharem que a arrecadação já passou da meta e não doarem mais. “Uma boa remoção custa uns R$ 6 mil mais custos com o tratamento dele, fora uma ajuda para avó que mora em um lugar muito pobre”.