Engenheiro na Alemanha, jovem retorna ao Sertão para abrir escola de robótica
Aos 27 anos, Pablo Barros fez um “retorno” incomum à sua cidade natal, Serra Talhada, no Sertão pernambucano. Pesquisador sênior do Knowledge Technology Institute, na Alemanha, ele inaugura no município a Robotech.Edu, escola de robótica que será a única do gênero na região, voltada à educação tecnológica de crianças e adolescentes sertanejos.
O curso terá duração de nove meses e foca em alunos na faixa etária que vai dos 10 aos 18 anos. No primeiro módulo, há a introdução à robótica, enquanto no segundo, passarão a construir robôs responsivos. Para isso, receberão kits com sensores, motores, microprocessadores e estruturas físicas e terão a possibilidade de participar de campeonatos de ideias.
Formado em Sistemas de Informação pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e mestre em engenharia da computação pela universidade de Pernambuco (UPE), o rapaz decidiu compartilhar conhecimento e experiência com os mais jovens, especialmente considerando os investimentos realizados na Região Metropolitana do Recife quanto ao ensino na área, mas que, no entanto, não se repetem no interior do estado, onde sua família vive e é natural. Ele ficará a cargo do planejamento de conteúdos, com o tempo livre obtido do trabalho de seu pós-doutourado em um grupo de pesquisa envolvendo seis universidades alemãs e outras 12 da China.
“Existem vários estudos que indicam que o estudo da robótica, ou em um passo mais adiante, a integração da robótica como ferramenta e ambiente de ensino, melhoram a capacidade cognitiva de crianças e adolescentes. Isso se deve ao grande incentivo a criatividade, a criação de soluções inteligentes para problemas comuns e complexos e o trabalho em equipe. Também acarreta um efeito bem interessante: um aluno que estuda robótica, e entende a robótica, consegue abrir sua mente para a realidade do nosso mundo. Vivemos em um mundo muito diferente do que a 10 anos atrás, e que vai ser muito mais diferente daqui a 10 anos. Um jovem que consiga aprender como esse mundo vai ser, e consiga entender que robôs já são, e vão ser ainda mais, parte integral do nosso mundo, não somente como uma máquina, mas como entidade funcional da nossa sociedade, será capaz de a) se integrar nessa sociedade e b) o mais importante, moldar essa sociedade de forma a criar uma melhor qualidade de vida a todos os envolvidos”, disse o doutor ao repórter Bruno Andrade, da agência de notícias da UFRPE.
Da Alemanha, Pablo criará o conteúdo do curso, bem como planejará os kits necessários, enquanto o negócio será montado com estrutura familiar. O pai, o administrador Jâmisson Barros, ficará responsável pelas aulas presenciais, estruturadas pela mãe, a psicopedagoga Elisiê Carmen Alves, enquanto a irmã, Amanda Gisele Barros, ficará responsável pelas aulas de inglês técnico, essencial para quem quer evoluir na área de robótica.