Reino Unido autoriza alteração de DNA de embriões humanos

O Reino Unido acaba de se tornar o primeiro país do Ocidente a permitir que cientistas modifiquem o DNA humano. Uma licença foi emitida pela Autoridade de Fertilização Humana e de Embriologia (HFEA) aos pesquisadores da Francis Crick Institute of London, que poderão manipular embriões nos primeiros sete dias de fertilização. A equipe, liderada pela bióloga molecular Kathy Niakan, estuda os genes que participam do processo do desenvolvimento das células que formam a placenta, para descobrir a razão pela qual algumas mulheres sofrem abortos espontâneos.

O órgão que concedeu a autorização, contudo, elucidou que as alterações não devem ser feitas até que seja emitido o parecer de um juri ético, esperado para o mês de março de 2016. O método Crispr-Cas9 baseia-se no “corte” e na “cola” do DNA com “tesouras” moleculares, através das quais é possível separar genes defeituosos para neutralizá-los com maior precisão. Vale lembrar que, embora a modificação genética para tratamento de embriões seja proibida por lei no Reino Unido, ela é permitida para pesquisas desde 2009, com a condição de que os embriões sejam destruídos em, no máximo, duas semanas.

Em alguns países, no entanto, a prática não exige uma autorização oficial, devido à ausência proibições formais. Em abril de 2015, cientistas chineses conseguiram modificar um gene defeituoso de alguns embriões, que desenvolveria uma doença do sangue letal. Apesar disso, o feito gerou uma série de discussões éticas. Na ocasião, os pesquisadores relataram “grandes dificuldades” no processo e declararam que os estudos deixaram clara a urgência de lapidar a técnica.