Pesquisadores britânicos criam “libélula ciborgue” controlada remotamente

Se você assistiu à terceira temporada da série Black Mirror, deve se lembrar do episódio em que uma empresa havia criado abelhas mecanizadas, com as melhores das intenções, como aumentar as taxas de polinização (a Inglaterra realmente passa por uma diminuição preocupante em sua população de abelhas). Claro que as coisas dão muito, muito errado. Seria o caso de, inspirados pela ficção, se perguntar se algo de mau também pode acontecer na vida real, com o surgimento de “libélulas ciborgues”?
O programa Operation DragonflEye anunciou que obteve sucesso em colocar uma pequena “mochila” nas costas de uma libélulas viva, equipada com sensores, eletrodos e uma bateria solar. Eles conseguiram controlar o voo do inseto através de pulsos de luz enviados para o equipamento, que os redirecionava a neurônios específicos em seu cérebro. A ideia, assim como no programa de TV, é usar a tecnologia para polinização – e também exploração de áreas inacessíveis a humanos.
“DragonflEye é um tipo totalmente novo de veículo micro-aéreo, menor, mais leve e mais discreto que qualquer coisa já feita pelo homem”, afirmou Jesse J. Wheeler, engenheiro biomédico do Draper and Howard Hughes Medical Institute, aonde a pesquisa está sendo desenvolvida. “É um sistema que amplia os limites da captação de energia, dos sensores de movimento, da miniaturização e da optogenética.”

A primeira etapa do projeto foi a criação de uma libélula geneticamente modificada, cujo sistema nervoso respondesse aos pulsos de luz. Para isso, os cientistas implantaram no inseto um gene que adicionava proteínas sensíveis à luz, chamadas opsinas, em seus nerurônios. Os cientistas afirmam que o processo não causou dano algum aos neurônios da libélula – apenas permitiram que os neurônios enviassem os sinais que fazem com que ela voe mais rápido e por mais tempo.
“Algum dia, essas mesmas ferramentas poderão levar a avanços nos tratamentos médicos para humanos, resultando em terapias que causem menos efeitos colaterais”, também afirmou Wheeler ao jornal Daily Mail.