Palácio assírio achado após bombardeio do Estado Islâmico
Arqueólogos que avaliaram os danos causados pelos militantes islâmicos ao túmulo do profeta de Jonas, em Mossul, no Iraque, tiveram uma surpresa: descobriram um palácio, jamais visitado, datando de 600 anos antes de Cristo, sob um santuário explodido pelo Estado Islâmico, através de túneis cavados pelos próprios islâmicos. O santuário de Nebi Yunus – contendo o que muçulmanos e cristãos acreditam ser o túmulo de Jonas, ou ‘Yunnus’ como é conhecido no Alcorão – foi destruído em julho de 2014. Os militantes acreditam que dar uma veneração especial às tumbas e relíquias é contra os ensinamentos do Islã.
Os túneis não foram construídos profissionalmente, o que os torna instáveis e em risco de colapso, podendo enterrar o antigo palácio. “Tememos que tudo isso possa desmoronar a qualquer momento”, disse a arqueóloga responsável pelas antiguidades da província de Nínive, Layla Salih, ao jornal britânico Daily Mail. Salih, que lidera a equipe de cinco pessoas que realiza a documentação de emergência do túmulo de Jonas, acredita que as forças do Estado Islâmico saquearam centenas de objetos antes que Mosul fosse retomada pelas forças iraquianas. “Nós acreditamos que eles levaram muitos dos artefatos, como cerâmica e peças menores, para vender. Mas o que eles deixaram será estudado e acrescentará muito ao nosso conhecimento do período”, completa.
Acredita-se que os relevos encontrados tenham sido esculpidos no século 5 ou 6 antes de Cristo, durante o antigo período assírio, pelo pai de Esarhaddon, o rei Senaqueribe. Embora o nome de Esarhaddon não apareça, o rei é descrito em termos que foram usados apenas para se referir a ele, referenciando sua reconstrução de Babilônia após a morte de seu pai.
Os elementos mais aclamados são os relatos em inscrições das paredes dos túneis. Os reis assírios gostavam de elaborar inscrições complicadas, nas quais incluíam os seus nomes, datas e feitos – e que, na atualidade, se revelam muito úteis para os arqueólogos. Era desconhecido, até hoje, que houvesse tanta história debaixo da mesquita de Nabi Yunus – que nunca foi escavada.