Estudo desenvolve técnica para apagar memórias ruins
Um estudo conduzido por cientistas japoneses revelou que as memórias boas e ruins são “arquivadas” separadamente no cérebro. Os pesquisadores avaliaram a reação de camundongos aos testes e observaram uma distinção genética entre os neurônios positivos e negativos – que podem até mesmo ser manipulados para alterar o comportamento. O resultado da pesquisa sugere também que o esquecimento é resultado de um “processo ativo de eliminação”, em vez de uma falha nas memórias.
Além disso, os neurônios apresentaram diferenças em formato, tamanho e propriedades elétricas. Os cientistas descobriram que experiências, sabores e cheiros agradáveis ficam “guardados” na parte de trás do núcleo basolateral, localizado na amígdala, enquanto as desagradáveis, ficam na parte da frente. Essas regiões interagem de forma a regular os comportamentos ligados às memórias tanto negativas quanto positivas.
Durante o experimento, os pesquisadores observaram que os neurônios positivos podem ser ativados a partir da exposição dos roedores a odores agradáveis e água – utilizada no teste como forma de recompensa -, enquanto o negativo responde à dor e cheiros ruins. Ambos são capazes de desregular o comportamento dos camundongos, podendo ser “ligados ou desligados”.
Além disso, esse comportamento pode ser manipulado a partir de um processo chamado optogenética, que utiliza estímulos da luz para ativar esses neurônios e pode um dia ser utilizado por humanos para combater memórias ruins. “Levando em conta a conservação evolutiva bem documentada da amígdala, é muito provável que o resultado que encontramos nos camundongos se aplique aos humanos”, disse o condutor do estudo, doutor Susumu Tonegawa, ao Daily Mail. Ele acredita que esse modelo pode trazer uma cura para casos de depressão associados ao stress induzido, além de ajudar no tratamento de Alzheimer e demência.
Um cenário social em que as memórias ruins podem ser apagadas e as repercussões que isso causaria nas relações pessoais é o tema de um filme lançado ainda em 2004, Brilho eterno de uma mente sem lembranças, sobre o futuro que agora passa a ser sugerido com força, amparado por pesquisas científicas reais. Ainda que esteja apenas restrito a camundongos, o potencial pretendido pelos pesquisadores é o de desenvolver técnicas nos tipos de armazenamento de memórias em seres humanos, o que auxiliaria na forma como lidamos com o luto ou com a depressão. Como a própria obra sugere, os limites éticos e psicológicos, nesse caso, teriam que ser revistos nesse futuro, agora possível.